Eurodeputados do BE denunciam “atentado ambiental” no aterro de Paradela

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José Gusmão e Marisa Matias, eurodeputados do Bloco de Esquerda (BE), voltaram a endereçar uma pergunta à Comissão Europeia sobre o aterro de Paradela, na qual apontam a “flagrantes violações”. Na mesma questão, os deputados instam a Comissão a tomar medidas.

“Há mais de dez meses, denunciámos à Comissão Europeia a situação que ocorre no aterro do Baixo Cávado e Vale do Lima, em Paradela, explorado pela empresa Resulima. Desde a sua inauguração, em início de 2022, que existem fortes contestações da população de freguesias de Barcelos e da Póvoa de Varzim, mormente pelos constantes maus cheiros que de lá emanam”, lembram.

Os eurodeputados mais recordam que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), “após vistoria do local, conheceu a situação e relatou a existência de cheiros nauseabundos e de oito inconformidades”, mas “nem a CCDR-N nem outras entidades nacionais responsáveis têm tomado quaisquer medidas de resolução daquele caso ou sequer de mitigação dos impactos nefastos daquele aterro na região”.

“Acresce que, em inícios deste mês de novembro, foram registadas imagens e existem testemunhos presenciais de descargas de resíduos sem qualquer tratamento no referido aterro, o que agrava ainda mais a situação anterior”, continuam.

Para o Bloco, “é fundamental apurar todas as causas dos fortes odores, no sentido de se encontrarem soluções para resolver definitivamente os problemas ambientais que prejudicam a qualidade de vida e a saúde da população”.

Assim, exigem “medidas consequentes” da Comissão Europeia, perante “estas flagrantes violações da Diretiva-Quadro da Água e da Diretiva de Alteração de Gestão de Resíduos”.

O aterro de Paradela é, desde janeiro de 2022, alvo de inúmeras queixas por parte dos moradores das freguesias fronteiriças, nomeadamente das poveiras Laúndos e Rates, por causa dos maus cheiros.

No início deste mês de novembro, a Junta de Freguesia de Laúndos fez uma publicação, nas redes sociais, na qual denuncia “descargas diretas de resíduos” a céu aberto no aterro. Também o presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim classificou a situação de “crime ambiental” e declarou que “as entidades responsáveis não podem fechar os olhos a isto”.

Em resposta, a Resulima, empresa que gere o aterro, garantiu que a deposição de resíduos urbanos diretamente em aterro sanitário é uma situação temporária que decorre “com o conhecimento e em articulação com as entidades responsáveis”.