Produtores de leite protestam com ‘vacas’ no Marquês

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A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) colocou no Marquês de Pombal, em Lisboa, uma manada de vacas em cartão “para chamar políticos à atenção” para a crise no setor.

“Sentimo-nos abandonados pelos principais dirigentes políticos quando sofremos a maior crise de que há memória”, afirma a Aprolep num comunicado em que acusa o governo de se esquecer da agricultura “por estar longe de Lisboa e ter poucos votos”. No entanto, relembra que “é a agricultura que alimenta todos os que votam e são eleitos”.

Enquanto enumera os “brutais aumentos dos custos” a que os produtores foram sujeitos no ano passado, a Associação critica ainda o primeiro-ministro, a ministra da agricultura e a “generalidade dos políticos”, que “ficam em silêncio quanto à produção de leite”.

“O Plano Estratégico da PAC ignora as dificuldades deste setor optando por medidas públicas que claramente prejudicam os produtores de leite, como é o caso da convergência a 100% que reduz as ajudas ao rendimento deste setor em mais de 50%, de um pagamento ligado ao milho silagem que é metade da ajuda ao milho grão, e eco regimes com orçamento insuficiente para o desafio que nos é pedido por Bruxelas”, continua a Aprolep.

“Sem esses apoios o preço do leite tem que aumentar. Em cada ano abandonam o setor leiteiro cerca de 200 produtores. A este ritmo a produção de leite em Portugal vai desaparecer em poucos anos”, alerta.

Nesse sentido, os produtores de leite convidam os políticos a “visitar vacarias e reunir com os agricultores”, pois “é urgente que tenham uma palavra forte junto da indústria e distribuição para um aumento imediato do preço base a pagar ao produtor”.

“É essencial que o novo Governo seja capaz de criar rapidamente um observatório dos custos de produção e um mecanismo capaz de atualizar os contratos e indexar o preço do leite a esses custos e ao preço comunitário, sem que seja preciso os agricultores estarem constantemente a manifestar-se deixando o seu trabalho para colocar vacas ou tratores em Lisboa”, referem.