90 pescadores em confinamento, dez infetados e 5 barcos parados em Vila do Conde e Póvoa de Varzim

0
690

Subiu para 90 o número de pescadores da Póvoa de Varzim e Vila do Conde que estão a cumprir confinamento devido à pandemia de covid-19, divulgou José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, na sexta-feira.

Desse grupo, a associação tem registo de que dez pescadores locais estão infetados com a doença da covid-19, sendo que os restantes testaram negativo, mas têm de cumprir quarentena por terem tido contacto com os que contrariam o vírus.

Com esta situação, são já cinco as embarcações que estão paradas, por não terem tripulantes disponíveis para fazer a sua atividade piscatória.

“Situação preocupante, mas sem alarme social”

José Festas frisa que “a situação é preocupante, mas ainda não é de alarme social. Temos de resolver o problema à nascença para evitar uma desgraça. É preciso fazer mais testes, mas Autoridades de Saúde não tem ligado aos pescadores”, e adiantou que também “há casos ativos de covid-19 nos estaleiros de Vila do Conde e, eventualmente, em famílias da zona de Caxinas, revelando que ainda na sexta-feira foram testadas quatro mulheres que manuseavam o peixe em terra.

“Devíamos testar cerca de 3 mil pessoas desta comunidade piscatória de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, entre pescadores e familiares. Por enquanto, estão cinco barcos, mas não podemos esperar que esse número chegue aos 50. Os impactos económicos já são muito fortes”, sugeriu José Festas.

O líder associativo continua a defender que os pescadores que testaram negativo, mas por lei são obrigados a ficar em confinamento, poderiam trabalhar, desde que as Autoridades de Saúde aprovassem um plano de contingência sugerido pela APMSHM.

“Se preparássemos uma logística em que os homens, que testaram negativo, cumprissem o confinamento em casa, mas pudessem sair diretamente para barco, através de um transporte, e depois regressassem de novo ao confinamento em casa, eles iam cumprir. Os pescadores precisam de trabalhar para alimentar as famílias”, apontou José Festas.

Esta sugestão é semelhante a uma já avançada pela Câmara Municipal de Vila do Conde, após uma reunião com as autoridades de Saúde, governantes e armadores, com a diferença de que o confinamento desses pescadores seria feito em instalações disponibilizadas pela autarquia, em isolamento das famílias.

“Isso não é viável Os pescadores querem ir trabalhar, mas, no fim, querem ir para casa. Não querem partilhar espaços com outros 20 ou 30 homens”, apontou José Festas.