Todos temos medo. Uns mais que os outros. Dizem que é da natureza humana. O que podia dar aos animais, selvagens ou não, um especial estatuto de coragem, o que não é de todo verdade. Basta assistir àqueles formidáveis programas, ou documentários, em volta da vida selvagem. Documentos filmados, registados, vividos, de gente que gosta mesmo de respeitar os animais, a natureza, o ambiente. O bicho humano, ou mais suavemente dito, o indígena terráqueo é, por definição, um ser temeroso.
Teme a vida, na qual entra aos berros, dizem que é bom sinal essa entrada ou saída do útero materno,vivendo-o-a sempre numa luta constante consigo e com os outros, a quem pretendem mostrar coragem,ousadia, temeridade. Os mais espertos, os atrevidos, nessas demonstrações de ‘coragem’, mais não fazem que, em jeito de superação do medo, agarram as oportunidades, e vá de imporem o medo aos demais. Mas não se confunda medo e coragem por temor e temeridade. Como dizia um filosofo germânico, “o mundo pode ser divido em dois tipos de pessoas: as que seguem as suas próprias vontades… e as que seguem as vontades dos outros”. O primeiro, é forte, e não deixa ninguém dominá-los. O outro é fraco,e só faz o que os outros fazem e dizem. E que melhor palco para apreciar esta ‘peça’ do que as ditas‘redes sociais’? Redes sociais, mais uma boa intenção que foi morta pela cobardia. Cobardia, que ela a que através delas, ou por via delas, os ‘corajosos’ consintam ser seguidos e rastreados, sem qualquer reserva ou limite, mas abominem aceitar sequer que na defesa da Liberdade que devem aos outros, instalar uma aplicação que avise os demais, ou eles próprios, da proximidade de um portador de vírus.
O medo tem efetivamente um amplo campo de acção e seguidores. Anonimamente corajosos no insulto, na distribuição da mentira e do boato, são pessoalmente cobardes e medricas, até no respeito que devem a si e aos seus.A pandemia que nos apoquenta a vida, o Covid-19, não poupou ninguém, até os negacionistas. Foi democrático na distribuição social, mas foi, é, uma oportunidade para os pequenos ‘ditadores’, que usam o Medo, a cobardia, a desinformação como ‘modo orientado’ para amedrontar. Por cá, por lá,pelo mundo, dito civilizado ou nem tanto. Como tudo o que não é bom, o Covid-19, está aí para durar, com vacina ou por via dela. Ultrapassar este tempo está nas nossas mãos. Sem medo. Sabendo ouvir, ler, ver… e ter coragem no decidir.PS: – Faleceu por estes dias, em Lisboa, um poveiro. Augusto Boucinha.
Com 74 anos, Augusto Boucinha, um poveiro nascido em Aguçadoura, com uma carreira na Administração Central em Lisboa, nunca esqueceu a sua terra e as suas gentes. Quando foi necessário protagonizar uma candidatura autárquica, num momento que se esperava de viragem no futuro da Póvoa, com elevação e civilidade, compareceu. Para além do seu amor ao Varzim, inquestionável, na sua acção como homem homem publico, Vereador municipal não residente e Deputado Nacional,Augusto Boucinha nunca regateou a procura do melhor para a Póvoa e os seus conterrâneos poveiros.
A Póvoa de Varzim deve-lhe uma referência que até ao momento não se viu.
José Andrade