O Averomar Futebol Clube foi uma das quatro associações que votou a favor do regresso do campeonato sénior, na reunião de 23 de setembro da Associação de Futebol Popular da Póvoa. Nuno Paranhos, presidente da coletividade, diz que este regresso não tinha de ser no imediato e que até podia ser no próximo ano. Mas devia haver pelo menos, defende, uma baliza temporal para que os clubes se mantenham motivados e com objetivos. De resto, em entrevista ao MAIS/Semanário, o dirigente considera que o seu clube seria candidato ao título esta época, mas lamenta que seja cada vez mais difícil segurar os melhores jogadores no Inter-Freguesias. Nuno Paranhos tomou posse em plena pandemia mas, apesar das dificuldades, aponta a uma nova modalidade: o automobilismo.
Em tempos de pandemia, como é que têm sido estes últimos meses para o clube, nomeadamente em termos de futebol, que é a principal secção?
Nos últimos tempos fomos tratando de ter as condições necessárias para neste momento começarmos a receber atletas e poderem efetuar os treinos. O escalão sénior já fez treinos mas os outros estão parados porque ainda não há uma data definida para começar os campeonatos.
Recentemente numa reunião da Associação de Futebol Popular da Póvoa, ficou determinado que não seriam retomados os campeonatos. Concorda com a decisão?
O Averomar votou a favor de começar o campeoanto, não estipulando datas porque sabemos que a altura não é a melhor. Mas, pelo menos, devíamos estabelecer uma altura mais à frente – tipo o mês de janeiro, por exemplo – por forma a que os clubes se mantenham com objetivos. Primeiro começava-se com os seniores e depois os outros escalões, nem que fosse com um campeonato só com uma volta para estas categorias jovens.
Esteve isolado nesta pretensão?
Houve quatro clubes que queriam começar e dez que não. Destes quatro, todos têm equipa sénior e, dos outros dez, nem todos têm. Aliás, nem vai ser fácil terem este ano.
Ficou agendada mais alguma reunião no sentido de se analisar mais tarde se haverá campeonato sénior?
Não. Ficou de se avaliar a evolução da pandemia e depois marcar-se outra reunião. O Averomar vai esperar e voltaremos a abordar a associação.
As expectativas no futebol este ano eram mais altas do que nas épocas anteriores?
Temos um bom grupo. Um dos treinos que fizemos tivemos 25 atletas. O grupo não se desmembrou e há muita gente com vontade de jogar à bola e de regressar a casa, uma vez que temos muitos jogadores espalhados. Este ano era para andarmos lá em cima a lutar pelo título.
Com esta paragem poderá haver alterações no Inter-Freguesias e atletas que deixem de competir?
O campeonato de Vila do Conde tem atraído muitos atletas de qualidade, que também têm esperança de começar a época antes de nós. Isso desfaz muitas equipas daqui, é preciso fazer um bom trabalho de casa para que os jogadores não ‘fujam’. E se o campeonato não tiver uma data para começar, não vai ser mesmo fácil segurá-los.
A mudança para Vila do Conde tem a ver com apoios financeiros por parte das associações?
Não tenho conhecimento dessa parte.
O campeonato da Póvoa continua a ser totalmente amador…
A nossa equipa, em qualquer modalidade, é totalmente amadora.
Mas há sempre custos…
Claro, há gastos administrativos e de transporte, mas estar a pagar a atletas ou treinadores é retirar a essência do futebol amador. Isso não fazemos.
Como é que analisa o futebol popular da Póvoa de Varzim nesta altura?
Começa a sofrer um bocadinho com a pandemia. Não há patrocínios nem verbas a entrar, sendo que as despesas são certas e é preciso fazer face a elas. Há alugueres de carrinhas para pagar, luz, água e manutenção. Além de que fizemos grandes obras no clube, como a do balneário já a pensar na pandemia. Há higienizadores e desinfetantes próprios e está a caminho uma máquina de ozono para limpar o balneário no final dos jogos, muito eficaz na remoção do vírus. Vamos investindo mas não é fácil.
Para ajudar a superar esta pandemia devia haver mais diálogo com a delegação de saúde?
Alguém da delegação de saúde devia visitar os campos todos e depois dar-nos informações sobre o que fazer para termos o mínimo de condições. Se formos rigorosos, nenhum dos clube tem condições mínimas. Mas, se a questão fosse bem trabalha, essas condições exisitiriam.
Entrou para presidente já em plena pandemia. Como têm sido estes meses, gerindo as despesas e a entrada quase nula de apoios?
Tomei posse em maio, sendo que temos uma direção unida. Fomos fazendo as obras necessárias, mas o trabalho financeiro dos últimos quatro anos – eu era tesoureiro – foi muito bom, poupando ao máximo. Claro que agora vemos algumas verbas a esfumar-se, tínhamos um valor mínimo que não queríamos ultrapassar mas já tivemos de o fazer porque não há receitas.
Os apoios previstos já chegaram?
Há alguns apoios de entidades que ainda não chegaram. Queremos fazer algumas remodelações no campo na parte do recinto e enquanto não temos o campo novo num prazo máximo de quatro anos. Até lá, tem de haver condições neste. Há bancos que precisamos de recuperar, e imagens que gostávamos de mudar para termos uma imagem mais visível dos patrocinadores. Mas só faremos isso quando as verbas entrarem.
O clube está quase parado?
Não, continua a competir. Há a modalidade de BTT que está nas taças e campeonatos e com boas performances, e até com esperanças de conquistar títulos para Aver-o-Mar. É uma modalidade que nos últimos 3 anos cresceu imenso e está a representar bem o clube. Aliás, estamos em conversações para acrescentar mais uma modalidade porque o clube é grande e não se dve focar só no futebol.
Está a falar do automobilismo, como está esse processo?
Sim. Estamos emconversações para uma equipa abraçar o projeto pois será uma fusão entre essa equipa e o Averomar. Quem sabe, no próximo ano, realizamos um mini-circuito aqui na freguesia. É algo que eu gostaria muito pois eu era grande apreciador desta modalidade na Póvoa quando o Desportivo organizava. Dava outra vida à cidade e agora nós queremos fazer isso para a vila.
Relativamente ao campo de futebol, a direção tem conseguido potenciar receitas, mesmo tendo em conta a paragem?
Tivemos o parque de estacionamento durante o verão, embora este ano tenha sido um bocadinho fraco. De qualquer maneira, foi uma ajuda para investir nas obras. Neste momento não alugamos o campo porque não é razoável estarmos a alugá-lo e depois pedir aos altetas que não usem o balneário, ainda por cima com um terreno pelado que provoca mais sujidade.