“Futebol ao domingo na praia é um convívio aberto a todos há mais de 30 anos”

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O Grupo de Amigos da Praia (foto de arquivo) encontra-se na praia há mais de 30 anos para jogar futebol ao domingo de manhã no areal da Póvoa de Varzim, uma tradição que já vem dos anos oitenta, não faltando no final o habitual mergulho, mesmo nos dias mais frios do inverno. Além do desporto e da confraternização, é um momento que ajuda à integração de pessoas acabadas de chegar à cidade e querem conhecer mais gente num ambiente descontraído. A partida é aberta a todos e já lá passaram nomes conhecidos do futebol de 11, como Eliseu, Orlando Sá e Miranda. Com a pandemia, não puderam jogar alguns fins de semana e tiveram de adaptar o número de atletas, mas a iniciativa mantém-se. Para tudo ser perfeito, só falta agora terem um espaço para guardar o material, trocar de roupa e tomar um duche.

O grupo há quantos anos se costuma encontrar na praia ao domingo de manhã para confraternizar e jogar à bola? Começou quando?

Os testemunhos dos jogadores mais antigos, referem que estes jogos terão tido o início em 1988, ou seja, há mais de 30 anos.

Como surgiu a ideia e a iniciativa?

Começou por ser um convívio de amigos que se reunia ao sábado e ao domingo para um jogo na praia que antecedia uma francesinha no Mata. Almoço este que se prolongava tarde dentro. Com o passar dos anos deixaram de jogar ao sábado e manteve-se o domingo. Por curiosidade, as primeiras bolas vieram da Suécia trazidas pelo falecido P. Arteiro e eram “felpudas” para não magoarem os pés.

Quais os objetivos do grupo?

O objetivo foi sempre o convívio e a confraternização entre amigos, no entanto os jogos são levados bastante a sério, havendo regras que todos devem respeitar. Uma regra curiosa: não há faltas, mas se a bola toca no braço é sempre livre direto. A concentração tem início pelas 10h45 para montar as balizas. A dimensão do campo varia em função do número de jogadores presentes. São duas partes de 35 minutos. As equipas são sorteadas antes do início do jogo, devendo cada jogador levar uma t-shirt branca e outra preta para usar em função da equipa que lhe sair.

Quantos são atualmente e quantos já passaram por este género de convívio?

Atualmente, devido à pandemia, o grupo está reduzido ao que é permitido por lei, mas, em situações normais e em dia de sol, seríamos mais de 20. Pela praia já terão passado mais de uma centena de jogadores desde simples praticantes a nomes mais conceituados do futebol de 11 como o Miranda, o Eliseu e mais recentemente o Orlando Sá. O jogo é aberto a todos e qualquer pessoa que queira jogar, basta aparecer ao domingo pelas 10h45 e levar boa disposição.

Qual a razão de se encontrarem e jogarem na praia?

A praia faz parte da casa dos poveiros, constituindo um local agradável que reúne condições para a prática de várias modalidades, permitindo inclusive o tradicional mergulho no mar no final de cada jogo.

É um motivo de convívio e confraternização?

Sim, além da prática desportiva é motivo de confraternização e inclusive de integração de algumas pessoas que chegam à Póvoa e pretendem fazer amizades.

Encontram-se todo o ano, seja inverno, primavera ou outono. Só no verão e em que meses param?

A época tem início em setembro, quando as barracas de madeira são retiradas do areal, e termina com o início da época balnear.

Como se sentem quando têm espectadores que apreciam a vossa vontade em jogar na praia em domingos mais frios e com chuva?

Estamos ali por pura diversão e amizade. Por isso jogamos mesmo nos dias mais frios e chuvosos de dezembro e janeiro. É frequente jogar à chuva ou com temperaturas de 6 ou 7 ºC. Dado que estamos em movimento, o corpo facilmente se adapta a essas condições. Nestes dias, o banho no mar sabe ainda melhor.

Quais são os que ainda integram o grupo desde o início?

Do grupo inicial fazem parte nomes como o Rui Castro, José Vasconcelos, Aires, Tomane .. ainda jogam Alfredo Castro, David Lucas ou Nuno Casanova. Queríamos lembrar e homenagear o Castro. Nos seus últimos dias de vida, mesmo debilitado por uma leucemia, fez questão de se ir despedir de todos e dar um último chuto na bola. Dificilmente esqueceremos aquele dia. Estará sempre connosco na baliza norte.

Com a pandemia, o que mudou?

Com a pandemia tivemos que parar de jogar alguns fins de semana e adaptar o número de jogadores ao permitido. Atualmente os jogos terminam com uma bela chouriça assada acompanhada por um brinde e o desejo de voltarmos a estar juntos na semana seguinte. Para o futuro temos a esperança que a autarquia e/ou capitania disponibilize uma estrutura de apoio que permita guardar o material, trocar de roupa ou tomar um banho de água doce.

Foto arquivo