“Mais do que a vacina, precisamos de uma nova mentalidade e comportamentos”

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A afirmação é do pároco de Balasar Manuel Casado Neiva, arcipreste de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, e presidente da Fundação Alexandrina de Balasar. No ano passado começaram as terraplanagens nos terrenos do antigo campo de futebol e adjacentes para a construção do futuro santuário que irá albergar milhares de fiéis em simultâneo. A pandemia atrasou o início da segunda fase, mas o sacerdote tem a esperança que em breve a sociedade recupere uma nova normalidade e que a mesma traga também novos comportamentos.

Como presidente da Fundação Alexandrina de Balasar, como tem decorrido a construção do futuro santuário, dado que desde março estamos a viver um tempo de dificuldades com a pandemia da covid?

Era nossa intenção lançar o concurso para a construção da segunda fase do santuário no mês maio. Não o fizemos porque este tempo de pandemia está a causar muitos problemas. A redução de peregrinos é grande. Daí resulta que as receitas nas ofertas são mínimas. Acreditamos que, passado o tempo de pandemia, a construção do santuário vai ser uma realidade. Os peregrinos anseiam pelo santuário.

O fecho da igreja e outros locais religiosos da freguesia de Balasar em determinados períodos do ano, para cumprimento das regras sanitárias, retiraram milhares de pessoas desses locais? E como consequência também as ofertas de esmolas e outros donativos?

Sim. Estamos longe dos muitos peregrinos que frequentavam as Eucaristias em Balasar. Graças a Deus, atualmente, apesar de ainda vivermos em pandemia, muita gente já participa nas Eucaristias. Celebramos cinco Eucaristias em cada fim-de-semana. Em todo o caso, as esmolas continuam a ser muito reduzidas.

Que mensagem tem transmitido à população balasarense e a todos os que já podem visitar a igreja, o túmulo e a casa de Alexandrina?

Alexandrina continua a merecer muita confiança das pessoas. Acreditam que as pode ajudar na resolução dos seus problemas. É interessante verificar que todos os dias, na igreja e na casa da Beata Alexandrina, encontramos pessoas a rezar. Mesmo no tempo das portas da igreja fechadas, vinham rezar e fazer a sua romaria. A todos acolhemos, proporcionando tudo o que é necessário, para que possam cumprir a sua promessa e oração.

Os dias 25 de abril e 15 de outubro, datas importantes para Balasar, como foram este ano vividos?

Embora com diferentes condições, ambos os dias foram celebrados com muita dignidade, com um programa devidamente delineado. O dia 25 de abril foi celebrado sem a presença do público na igreja, mas presente online. Realizámos as mesmas celebrações e conferências. Muita gente acompanhou através das redes sociais.

O dia 13 já foi celebrado com a presença de muitas pessoas na igreja. Para acolher os peregrinos, dividimos as celebrações pelos dias 11,12 e 13 de outubro. Tudo correu muito bem.

Do futuro Santuário de Alexandrina de Balasar, qual o tempo previsto para concretizar a obra e qual o valor que irá custar a infraestrutura.

Neste momento é impossível responder a esta pergunta.

O dinheiro para a construção do Santuário tem como exclusivo o contributo dos fiéis. Há outros programas de apoio?

Até ao momento, o dinheiro é exclusivo das ofertas dos peregrinos. Naturalmente que, no futuro, temos de organizar mais fontes de receitas.

Considera que Balasar vai ficar uma terra totalmente diferente após a conclusão do santuário? O que pode ganhar a freguesia?

Acredito que o santuário vai transformar o ambiente, a economia e, até, a geografia de Balasar. Se, atualmente, no tempo normal, milhares de peregrinos já rumam a Balasar, de todas as dioceses de Portugal e de muitos países de todos os continentes, com esta grande estrutura o número aumentará. Acredito que será um grande polo de desenvolvimento.

Para o crescimento da freguesia e em particular do santuário, é fundamental a concretização do nó na A7?

Já atualmente é fundamental. A falta de acesso direto à autoestrada tem causado problemas a muitos peregrinos que, não conhecendo bem o trajeto, rumam a Famalicão, ou a Balasar, outra freguesia de Guimarães. As infraestruturas são fundamentais para o desenvolvimento das comunidades.

Desde março que a sociedade mudou. Perspetiva-se agora uma luz ao ‘fundo do túnel’ com a esperança em vacinas que ajudem a resolver a saúde pública. É uma nova esperança em que o povo pode acreditar?

Acredito que é uma esperança para salvar a humanidade deste flagelo, mas também reconheço que há muito oportunismo político e económico. Não sendo pessimista, acredito que a vacina é uma nova esperança para a humanidade, mas temo que muita gente fique defraudada. Mais do que a vacina, precisamos de uma nova mentalidade e comportamentos. Apesar do progresso registado em muitos campos, a história do século XX e o início do século XXI apresenta aspetos muito negativos. O homem quis voltar ao Génesis: prescindir de Deus e ser ele próprio o seu deus. As consequências são as mesmas: perder a dignidade e matar o irmão. O Mundo e o Homem precisam de renovar, em Jesus Cristo, a Nova Aliança com Deus.

A mensagem que Deus nos transmite através de Alexandrina é um convite à conversão. A viver uma verdadeira união de amor com Deus e o irmão. Alexandrina deu a vida por esta causa.