“São grandes as batalhas que travamos diariamente em todos os sentidos”

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A pandemia já se instalou há praticamente um ano e os seus efeitos alastram-se a diversas áreas de atividade, nomeadamente a religiosa. O padre Avelino Castro, da paróquia da Matriz, revela que, só a nível económico, o prejuízo já ronda os 90 mil euros. No campo social, o pároco sublinha que, mais do que nunca, batem à porta famílias que não esperava, em especial jovens casais à procura de ajuda para pagar a luz, água, medicação e comida.

A pandemia está a trazer dificuldades para a paróquia? Com menos contribuições e esmolas, que ordem de grandeza pode adiantar deste prejuízo e como tem conseguido ultrapassar essas dificuldades?
Como é de conhecimento público, a Fábrica da Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição (Matriz) adquiriu à Congregação das Irmãs Doroteias o Colégio do Sagrado Coração de Jesus para nele instalarmos um projeto educativo para crianças e um projeto social de apoio à 3ª Idade.A compra do Colégio do Sagrado Coração de Jesus obrigou-nos a contrair um empréstimo bancário, em 2010, no valor de 1.350.000€ (um milhão e trezentos e cinquenta mil euros) para pagamento do referido prédio. Este valor está a ser amortizado, em prestações mensais, no valor de 6.371,33€ (seis mil e trezentos e setenta e um euros e trinta e três cêntimos), o que exige um esforço financeiro muito grande para o cumprimento desta obrigação. Neste momento o capital em dívida é de 751.885,51€ e que ter-mina no ano 2032. A nossa comunidade encontra–se no mesmo mar de dificuldades que muitas outras. São grandes as batalhas que temos de travar diariamente em todos os sentidos. Mahatma Gandhi dizia: “Grandes batalhas só são dadas a grandes guerreiros”. Somos nós, hoje, os Guerreiros (comunidade) que todos juntos temos de vencer esta bata-lha. Não é fácil.

Qual é o prejuízo global?
Baseado nas receitas de 2019, foi possível fazer uma estimativa dos prejuízos económicos, causados pela pandemia, na Paróquia da Matriz. O valor ronda os 90 mil euros referente às receitas consignadas, as atividades culturais e religiosas que não se realizaram e que eram uma grande fonte de receita, como por exemplo: Festa da Paróquia; Festa da Francesinha; Bar da Festa da Senhora das Dores; as janeiras; e tantas outras. Para sobreviver a esta crise económica recorremos à moratória do empréstimo bancário, contraído para a compra do colégio, e também graças a muitas pessoas que se vão solidarizando connosco e que, com os seus donativos, vamos conseguindo fazer frente às despesas correntes.

Como prior da Matriz, tem sido so-licitado mais vezes pelas pessoas no sentido de ajudar e encontrar soluções?
Mais do que nunca batem-nos à porta famílias que não esperávamos, em especial jovens casais, à procura de ajuda para pagar a luz, água, medicação, géneros alimentares, entre outras solicitações. Agradeço a Deus o fantástico trabalho e espírito solidário da equipa Sócio-Caritativa da Paróquia da Matriz que vai sendo parte na solução para muitos destes problemas. Não podia deixar de agradecer a todos aqueles que vão colaborando nesta causa. Sinto, como prior da Matriz, que a área social numa comunidade tem de sair ao encontro de quem precisa e não estarmos apenas à espera de quem nos procura. Este continua a ser o meu grande desafio diariamente.

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