A realidade da covid-19 no Hospital Pedro Hispano, relatada por médica poveira

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No rescaldo das afirmações do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, que afirmou na semana passada que a “maioria significativa” dos internados com covid-19 não estão vacinados, o MAIS/Semanário falou com Sara Pereira, médica no Hospital Pedro Hispano, Porto, e natural da Póvoa de Varzim.

A profissional de saúde está, de momento, a trabalhar na enfermaria do Hospital mas, até ao final do ano, esteve na Unidade de Cuidados Intensivos.

Comparando o atual período com o homólogo do ano passado, Sara Pereira refere que, mesmo com o elevado número de casos de covid-19 internados, há “muitos menos casos nos cuidados intensivos”. No entanto, adianta que não é possível falar em percentagens de vacinados contra a covid-19 ou não vacinados. Para tal, seria necessária uma análise exaustiva e cuidada.

Nesse sentido, a médica avisa que “é importante mostrar dados, porque as pessoas têm direito de os saber para depois tirarem as suas conclusões”.

Sobre o caso concreto do Hospital Pedro Hispano, e recorrendo a dados oficiais, adianta que, no início de 2021, “tínhamos cerca de 5 mil casos no país, quase 100 mortes e 40 internados na enfermaria do H. Pedro Hispano. No dia 4 de janeiro [de 2022], tivemos cerca de 10 mil casos (subestimados), 10 mortes e 16 internados na enfermaria do H. Pedro Hispano”.

Assim, diz Sara Pereira, “parece-me claro que há uma diferença muito significativa no número de mortes e na gravidade das situações”, seja pelo facto de que a estirpe Ómicron parece ser menos virulenta, seja pela eficácia das vacinas.

Afirma ainda: “ainda assim, é natural que haja nos cuidados intensivos algumas pessoas vacinadas. Verifica-se, porém, que muitas delas não têm a dose de reforço ou foram vacinadas há mais de seis meses. Mesmo assim, continuam mais protegidos do que alguém que não esteja vacinado, mas não tão protegidos como alguém que já fez o reforço”.

Nesse sentido, termina dizendo que “é necessário reforçar a vacinação, caso contrário, será cada vez mais difícil sairmos desta situação”.