“A situação que o país e a Europa vivem e o preço que terão de pagar para não ter guerra obrigarão a vivermos de forma muito diferente”. O alerta foi dado por Aires Pereira, presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, face às escaladas dos preços da energia, agravadas pela guerra na Ucrânia.
Segundo o autarca poveiro, o Município gasta “praticamente 1,4 milhões de euros por ano em energia só para a iluminação pública”. Por isso, se os aumentos chegarem à ordem dos 300%, “iremos passar a pagar 3 ou 4 milhões. É incomportável e obrigará a uma racionalização dos usos da energia, quer seja da iluminação pública ou nos edifícios públicos”, disse.
A preocupação é partilhada pelo vereador socialista João Trocado, que teme que a subida dos preços se traduza “no drama para as famílias”. No caso do Município, “é necessário que haja da parte de quem dirige a maior informação possível para poder tomar medidas”, afirmou.
“Quem tem esta responsabilidade também tem a obrigação de ter uma visão de futuro, uma capacidade de antever o que está a acontecer e deve agir o mais cedo possível”, disse, acrescentando: “hoje em dia, perante esta realidade que eu apelidaria de crise energética, tornou-se ainda mais urgente e tem de ser uma prioridade ainda maior”.
Nesse sentido, os vereadores do PS fizeram uma “proposta de recomendação para mostrar que politicamente estamos com essa prioridade das prioridades”. “A Câmara Municipal tem obrigação de conhecer para poder implementar medidas o mais cedo possível. É preferível isso a daqui a uns meses estarmos numa situação de dificuldade financeira”, rematou.
Aires Pereira garantiu que “na última reunião com os serviços municipais, pedi já que fizéssemos uma avaliação daquilo que possa ser mensurável, dos custos acrescidos desta situação”. O estudo, explicou, servirá para que “possamos ter uma perspetiva de como é que nós podemos fazer com que isto não dispare e torne incomportável a gestão do município”.
No entanto, alertou que “se chegarmos à conclusão de que o dinheiro não chega, teremos de cortar no que é possível ser cortado. Fará parte de uma gestão responsável do município, não tenho dúvida nenhuma que isso poderá eventualmente acontecer”. “Terá de haver um esforço grande e se calhar vamos ter de repensar ou adiar aqueles investimentos que ainda não começaram, que ainda não foram concursados”, disse ainda.