Centenas de horticultores da região Norte juntaram-se, na manhã desta segunda-feira, na Estela, Póvoa de Varzim, para manifestar a insatisfação com os preços de produção, compra e venda do setor. Segundo Joaquim Fontes, da organização, para além dos elevados custos para os produtores, “é inadmissível” que o consumidor final não consiga comprar os produtos, devido aos baixos ordenados.
“O objetivo é que as pessoas vejam que existe problemas tanto de um lado como do outro”. Para Joaquim Fontes e os cerca de 300 participantes na manifestação, a “disparidade que existe entre a produção e o consumidor final” é impraticável. “As pessoas já não têm dinheiro para produzir, e as pessoas não têm dinheiro para comprar”, explicou ao MAIS/Semanário.
A inflação agravada pela guerra na Ucrânia traduziu-se num aumento significativo dos custos de produção. “Um saco de adubo custava cerca de 30 euros, e agora custa 90 euros”, adiantou o produtor.
Por outro lado, os manifestantes exigem um aumento nos ordenados. “O consumidor não tem dinheiro. Por isso, não compra. Nós os produtores, mesmo que diminuamos a produção, continuamos a não conseguir escoar os produtos porque as pessoas não têm dinheiro”, afirmou.
Chamou, também, a atenção para os preços praticados pelos hipermercados, grandes superfícies e outros revendedores, que “já estão a racionalizar os produtos pelo preço praticado. Disseram que não iam racionar o produto, mas há muitas formas de racionar”.
Sem lucro para continuar a produção e sem consumidores devido aos baixos ordenados, a sobrevivência do setor hortícola está em risco, alertou Joaquim Fontes.
Este texto faz parte de um artigo que será publicado esta semana no jornal MAIS/Semanário, que poderá ler na íntegra na edição papel ou na edição digital (PDF).