APROLEP: “Alimentar as vacas com o atual preço do leite é insustentável”

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A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) lançou um comunicado nesta quarta-feira no qual acusa o governo de abandonar a produção de leite. No dia em que se assinala o Dia Internacional do Leite, a APROLEP afirma que “sem uma atualização urgente do preço do leite e uma inversão de atitudes, a produção de leite português caminha para a extinção”.

Segundo a associação, desde maio do ano passado, “o preço do gasóleo agrícola aumentou 97%, o adubo 140%, o milho 77% e o bagaço de soja 45%”, o que representou um “aumento no custo de alimentação das vacas de 59% e cerca de 53% no custo total para produzir um litro de leite”. No entanto, “no mesmo período, o preço do leite vendido aumentou apenas 23%”, continua.

A APROLEP alerta também para as “situações de severas limitações de água para poder produzir milho silagem”, e o aumento do preço do mesmo produto para “quase o dobro do valor de 2021”. Garante que “alimentar as vacas com o atual preço do leite é insustentável”, e por isso “tem vindo a propor a indexação do preço do leite à evolução dos custos de produção”.

“No imediato, compete à indústria e à distribuição subirem com urgência o preço do leite ao produtor para 50 cêntimos de modo a salvar a produção de leite em Portugal, caso contrário ficam sem fornecedores”, lê-se no comunicado.

Quase cinco meses depois da divulgação do relatório da PARCA sobre o setor, a APROLEP refere que “desconhecemos qualquer medida tomada pelo governo sobre esse assunto”, dizendo que “a produção de leite parece abandonada pelo governo” e que “o setor leiteiro é aquele que perde mais apoios na próxima PAC”.

Porque “entre março de 2021 e março de 2022 mais 200 produtores abandonaram a atividade em Portugal” e “quem deixa as vacas de leite não volta a esta atividade”, declara a APROLEP, “a produção de leite não pode ser esquecida”.

“Os agricultores portugueses não pararam durante a pandemia e reforçaram o seu esforço nos últimos meses apesar das dificuldades. Se Portugal quer continuar a ter produção de leite, não pode deixar cair os que resistem na atividade.  É urgente um preço justo para o leite”, termina.