APROLEP admite fecho de vacarias e redução da produção de leite se custos não baixarem

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“Se a indústria (privada ou cooperativa) e a distribuição continuarem a ignorar os custos de produzir leite em Portugal, teremos de aconselhar os produtores a fechar as vacarias ou reduzir a produção de leite em 20 ou 30%”, afirma a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) em nota de imprensa enviada nesta quarta-feira.

Na semana passada, a APROLEP alertava para os elevados custos de produção, nomeadamente no gasóleo agrícola, adubo, milho e bagaço de soja, “que representaram até maio um aumento de 50% no custo total para produzir um litro de leite, face a igual período de 2021”.

Entretanto, segundo a associação, a Queijos Santiago, Fromageries Bel e o Pingo Doce anunciaram atualizações nos preços dos produtos do setor, o que, contudo, não cobre os aumentos nas outras áreas como “o preço do gasóleo, do adubo, da eletricidade para a rega e da ração para os animais”.

“O que nós temos, além dos aumentos dos custos, são limitações ao uso de água de rega em algumas regiões. O milho silagem vai custar mais a produzir e vai ter um valor superior no mercado porque está ligado ao milho grão, cujo valor aumentou no último ano e em particular após o início da guerra na Ucrânia”, refere a APROLEP. Nesse sentido, afirma que “dar milho às vacas com o atual preço do leite é deitar dinheiro fora”.

“Esperamos ainda uma resposta das cooperativas associadas na Lactogal, indústria líder do mercado, em termos de quantidade, que por ser propriedade das cooperativas dos produtores, devia também ser líder no preço do leite”, bem como uma “resposta do senhor primeiro-ministro sobre este assunto, uma vez que até agora a senhora ministra da Agricultura ignorou esta situação”.

“Ainda produzimos o leite que Portugal precisa, mas não podemos continuar a cultivar os campos e a alimentar os animais se aqueles que dizem apoiar a produção nacional trancam a sobrevivência das nossas empresas agrícolas”, termina o comunicado.