A estratégia certa!

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Numa conferência realizada durante a semana que passou, o Ex-banqueiro Horta Osório refere que: “Um país com menos Estado, menos impostos e mais dinheiro disponível no setor privado, tornaria possível, a Portugal, “dobrar o rendimento” da economia em 10 anos”.

Horta Osório, figura incontornável, enquanto Gestor de topo, aponta assim, o investimento público na inovação, o aumento do peso das exportações, um estado menor, mas mais eficiente, maior incentivo a iniciativa privada, a par com uma forte aposta na redução da dívida pública, como medidas para um crescimento económico robusto nos próximos 10 anos.

Olhando para estas declarações, fico a pensar se, de facto estamos a caminhar neste sentido através das políticas públicas dirigidas à economia. Ou pelo contrário, estamos a fazer exatamente o seu oposto. Levando a que economia portuguesa continue a perder competitividade ano após ano, o que nos levou já a ser ultrapassados pelos antigos países de leste, e que caso nada mude, já em 2024 será a vez da Roménia.

Pergunto-me! Será que isto se verifica porque na nossa economia os governos não têm privilegiado políticas económicas capazes de alavancar as forças mais dinâmicas da sociedade (leia-se projetos de iniciativa privada com forte pendor na inovação e de aceleração das nossas exportações)? Ao preferirem, como no caso do PRR, investir a maior parte dos recursos financeiros em projetos públicos, sem grande retorno visível, alguns dos quais deveriam ser da responsabilidade do próprio orçamento de estado e não de fundos estruturais, e que não visam melhorar a competitividade da nossa economia nacional, não é caminho errado?

Será que a existência de um estado mais eficiente, capaz de prestar serviços de excelência, melhorando a nossa vida enquanto cidadãos, seja na prestação de serviços públicos essenciais (saúde, educação, segurança, justiça), seja através da melhoria dos custos de contexto para as nossas empresas, permitindo menos burocracia e maior rapidez e flexibilidade capazes de motivar os nossos empreendedores a fixar os seus projetos em Portugal é uma utopia? Ou será que continuando a ter processos burocráticos ao nível daquilo que Franz Kafka tão bem descreveu no seu livro “O Processo”, levando ao desespero daqueles que pretendem investir e criar riqueza no nosso País, é também uma ilusão?

“Acredito que o setor privado e as pessoas terem mais dinheiro nos seus bolsos é aquilo que, a prazo, produz mais riqueza”. É difícil vender esta ideia! Num país em que um parte significativa da nossa sociedade, continua a olhar o lucro como sinónimo de ganância e não de remuneração do risco do trabalho desenvolvido pelos empresários e empreendedores, isso que coloca a fasquia baixa em relação ao crescimento da qualidade de vida do país por via do crescimento económico. Muitas vezes me pergunto se é assim tão difícil perceber que, só se pode distribuir riqueza, se a criarmos primeiro. Quem diz o contrário, está apenas, e só, a fazer demagogia.

A par com estas questões, também foi referido a importância da concorrência. Ou seja, sem concorrência, não é possível melhorar a eficiência e promover a inovação como forma de melhorar a competitividade e, desta forma, prestar um melhor ou mais barato serviço ou produto ao cliente final (que somos todos nós). Todos aqueles que hoje em dia competem em mercados altamente competitivos, e em muitos casos em que a concorrência é global, sabem que necessidade aguça o engenho, e que a concorrência, é a “energia” que alimenta uma prática constante, de melhoria contínua dos processos e produtos.

Finalmente, refere também a importância da continuidade redução da dívida pública, como fator essencial para permitir ao nosso país crescer. Sabemos que a diminuição da dívida pública, se tornou mais difícil derivado dos fatores não expetáveis, como foram a pandemia, e atualmente a guerra na Ucrânia, associada a uma elevada inflação. Tudo isto limitou a redução da dívida de uma forma mais rápida, mas isso não deve impedir a nossa aposta na consolidação da redução da dívida pública.

“Acho que o problema está mais relacionado com se queremos ou não crescer”.

Acabo com esta, que também é uma referência do Ex-banqueiro, Horta Osório. Porventura a sua observação que me parece mais importante de todas. Crescer ou não crescer, vai, é no sentido de afirmar que o maior problema do nosso país, não é a falta de qualidade dos nossos recursos humanos, das nossas capacidades, ou de condições para o podermos conseguir, mas acima de tudo a falta de vontade política para apontar o caminho, e de forma convicta, de modo a levar o nosso país e a nossa economia para o lugar que merecem.

Um lugar muito mais ambicioso e com mais qualidade de vida. Um lugar no pelotão onde estão as economias mais desenvolvidas da Europa, e que é o lugar aonde queremos e merecemos estar. Conforme diz Horta e Osório, “Portugal pode dobrar o seu rendimento em 10 anos”. Vamos lá então por as mãos a obra, para podermos entregar às próximas gerações aquele que é o país aonde sonham poder realizar os seus projetos de vida.