“É, sem sombra de dúvida, um dia negro para o ambiente em Portugal quando se licencia uma instalação que se sabe que não está a funcionar em condições e que tem sido prejuízo para as populações envolventes”, disse esta sexta-feira Aires Pereira, presidente da Câmara da Póvoa, a propósito “da notícia que nos foi dada por parte da Senhora Vice-Presidente da CCDR-N, de que foi emitida a licença definitiva” para o aterro da Resulima localizada em Paradela.
E o edil foi, ainda mais crítico: “Acho que o Estado português e a CCDR-N, enquanto seu representante, não estão a cumprir a missão para o qual foram nomeados. Com uma providência cautelar a decorrer, com questões que fazem parte do parecer e que ainda não foram resolvidas, com o protesto das populações e com o cheiro nauseabundo que a instalação continua a produzir, acho verdadeiramente lamentável que a CCDR tenha emitido a licença definitiva”.
Recorde-se que na manhã desta sexta-feira, um grupo de pessoas manifestou-se junto à sede da CCDR-N, no Porto, e que contou com a presença de autarcas de freguesias de Laúndos, Rates, Estela, Navais e Aguçadoura (Póvoa de Varzim) e de Cristelo e Barqueiros (Barcelos), tendo também estado presente Sílvia Costa, vereadora do Ambiente da Póvoa.
No entanto, Célia Ramos, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), veio explicar que o problema dos odores causados pelo aterro de Paradela, deve ficar resolvido “até ao fim do ano”, apesar de não ter “o prazo na cabeça, mas eu diria que até ao fim do ano a questão fica resolvida”.
“Até lá, há formas de minimizar o problema dos maus cheiros”, disse. “Todos os dias estaremos atentos para que isso aconteça”, sendo também nesse campo “que entra a fiscalização, de uma forma implacável, por parte da Comissão de Coordenação”, uma das responsáveis do organismo.
Da reunião desta manhã, no Porto, saiu da parte da CCDR-N de que o que se quer não é encerrar a estação de tratamento de resíduos. “Mau seria se recuássemos ao tempo das lixeiras”, disse Célia Ramos.
Segundo a vice-presidente, “durante o mês de abril”, a CCDR-N terá acesso aos estudos e depois haverá uma fase de três meses de apresentação dos projetos, para uma posterior execução.
Entre as várias manifestações já realizadas, em janeiro, e depois de uma vistoria, a CCDR-N anunciou que estavam “reunidas as condições” para a emissão das licenças de exploração que ainda faltavam para aquela estrutura.