Saber subir a pulso

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Há pessoas que para subirem na vida necessitam de um “empurrãozinho” de amigos de ocasião ou de longa data. Outras sabem subir pelas suas próprias mãos, principalmente graças a muita força de vontade e até a muita dose de sofrimento. Está neste caso a carreira de Ricardo Nunes como futebolista. Este guarda-redes tornou-se, na época recentemente acabada, como a grande figura da equipa varzinista, por vezes até considerado “herói” como principal salvador de uma carreira aflitiva do Varzim. Mas veja-se o quanto teve de subir a pulso para se tornar, durante bastantes anos, num guarda-redes de grande envergadura.

Nascido na Póvoa de Varzim no dia 6 de julho de 1982, Ricardo Jorge Novo Nunes, de seu nome completo, está prestes a completar 41 anos de idade. Começou cedo a carreira de futebolista para dar seguimento a uma família bastante ligada ao chamado “desporto-rei”. Não a defesa central como foi seu pai conhecido por Quim Brasileiro (que teve uma carreira com bastante brilho), mas seguindo as pisadas de seu tio Dias Graça, afastado prematuramente por uma doença que o obrigou a impedir a prática do futebol numa altura, ainda bastante jovem, que se evidenciava nas balizas do Benfica. Mais tarde a família futebolística de Ricardo Nunes foi-se alargando, com os seus novos familiares a darem mais força ao que era criado dentro do clube da própria terra – o Varzim Sport Clube.

Foi na época de 1992/93, com apenas 10 anos, que Ricardo começou por envergar a camisola alvinegra, na Escolinha “fabricada” no velho “pelado” do extinto campo de treinos do Estádio do Varzim. Durante 9 épocas fez toda a formação, até final de 2000/2001. Chegado a sénior, começou a sua “peregrinação” no futebol. Estreou-se no Gondifelos, clube do vizinho concelho de Vila Nova de Famalicão a disputar os campeonatos distritais de Braga. De tal forma deu nas vistas durante as duas épocas que esteve emprestado, ao ponto de ser chamado ao seu clube de origem na época de 2003/04 onde permaneceu durante quatro épocas. Daí saltou para clubes de todos os escalões nacionais: Académica de Coimbra (2007/08), União de Leira (2008/09), mais 5 épocas em Coimbra (até 2013/14) e ingressou no FC do Porto (primeiro na equipa B e a seguir na A). Depois de ter sido emprestado pelos “dragões” ao Vitória de Setúbal, passou para Trás-os-Montes, vindo a representar o Desportivo de Chaves durante quatro épocas (de2016/17 até 2019/20). Foi daí que regressou ao seu clube de origem, o Varzim, com três épocas consecutivas, onde assinou exibições de grande valor competitivo e nível elevado, como aconteceu na recente “temporada do sofrimento”, contrariada por um início que se projetava de sucesso e se tornou em autêntico “calvário” para os varzinistas. Ricardo Nunes foi o único totalista da equipa poveira na Liga 3, participando não só nas 28 jornadas como também acrescentou com os quatro jogos em que o Varzim disputou a Taça de Portugal. Num total de 32 jogos.

Depois de tão longo currículo que mais dizer deste guarda-redes que deve servir de exemplo aos mais novos? E que mais será de esperar desta figura que até pode ficar lendária dentro do clube da sua terra e também do seu coração clubista?

Foi subir a pulso pela corda do sucesso que Ricardo Nunes tanto se evidenciou e que merece ser divulgado, como nos prestamos fazer nesta hora e, a bem dizer, no lugar certo. Parabéns Ricardo.

Opinião Luís Leal – ‘O Meu Cantinho’. Foto Varzim SC