O que devo (e não devo) fazer para prevenir o afogamento?

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Assinala-se nesta terça-feira, dia 25 de julho, o Dia Mundial da Prevenção do Afogamento. Em plena época balnear, nunca é demais lembrar os comportamentos a tomar para evitar esta situação. Nesse sentido, falamos com Alexandre Galiza, nadador-salvador, para fazer a seguinte pergunta: o que devemos fazer para prevenir o afogamento?

Cerca de 8% das mortes são afogamentos

O nadador-salvador começa por apontar alguns números. “O afogamento é a terceira maior causa de morte acidental segundo a Organização das Nações Unidades, correspondendo a 8% das mortes globais”, lembra, indicando também que, “em Portugal, 2022 foi o ano em que mais afogamentos se registaram nas últimas décadas”.

Segundo Alexandre Galiza, “durante a época balnear, a primeira medida preventiva a tomar é evitar frequentar praias não vigiadas, onde não se verifica a presença de nadador-salvador e onde a prática de banhos não é aconselhada. Em segundo lugar, temos de evitar tomar banhos fora das zonas de banhos designadas pelos nadadores-salvadores e respeitar todas as suas indicações, nomeadamente nunca contrariando as regras associadas à cor da bandeira que estiver içada na praia”, frisa.

Relativamente aos mais novos, a percentagem de afogamentos de crianças “tem aumentado ano após anos”. Por isso, “temos de fazer com [que] este número diminua, nomeadamente com a vigilância permanente e a ida a banhos sempre acompanhada por um adulto responsável”.

Cuidado com os agueiros

No mar, é preciso muito cuidado com os agueiros, ou seja, as “correntes de retorno ao mar muito perigosas onde se verifica a ausência de ondas e onde a água tende a ser mais acastanhada devido ao arrastamento da areia do fundo”.

O nadador-salvador alerta: “quando nos vemos retidos nestas situações devemos sempre manter calma (nunca entrando em pânico), evitar nadar contra a corrente (deixando-nos levar por ela), afastar lateralmente da corrente até deixarmos de sentir o seu efeito e acima de tudo pedir ajuda a terra sem vergonha!”.

Comportamentos preventivos devem persistir em todo o ano

“Embora estejamos em plena época balnear, devido a inúmeros fatores como as alterações climáticas, cada vez faz menos sentido referirmo-nos ao afogamento como um problema da época balnear, dado o número de afogamentos registados em período não balnear”, diz Galiza. Nesse sentido, dá o exemplo da Póvoa de Varzim e Vila do Conde: “em 2022, registamos várias ocorrências por afogamento em praias fora da Época Balnear sobretudo entre os meses de outubro/novembro e março/maio”.

Isto “deve fazer refletir sobre o aumento destes acidentes e sobre a existência de um dispositivo de salvamento aquático que funcione o ano inteiro e ajude a prevenir este tipo de comportamentos e garanta uma rápida e eficaz resposta em caso de sinistros”, considera.

“Além disso, devemos também prestar muita atenção aos afogamentos ocorridos em piscinas privadas e de hotéis que numa percentagem significativa têm sido silenciosos e fatais e que são uma realidade do presente e não uma estatística do passado”, defende.

Dados sobre os afogamentos registados em 2022 em Portugal

Por fim, Alexandre Galiza recorre ao Relatório Nacional do Observatório do Afogamento, relativo ao ano de 2022, quando foram registados 157 casos de afogamento, para apontar algumas das principais conclusões do relatório, listadas em seguida:

  • 75,2% eram do género masculino;
  • 54,8% tinham mais de 40 anos e 21,0% tinham menos de 25 anos;
  • 61,1% ocorreram à tarde;
  • 17 nacionalidades registadas na morte por afogamento em Portugal;
  • 37,6% ocorreram no Mar, 34,4% em Rio, 9,6% em Barragens, 5,7% em Poço, 3,2% em Piscinas Doméstica;
  • A morte no interior do país é superior ao litoral;
  • 93,6% foram em locais não vigiados, especialmente no interior;
  • 21,0% foram registadas em Banhos por Lazer, 7,0% em Pesca Lúdica com Cana, 3,8% em Quedas de Carros à Água, 3,8% em Passeios junto à Água, 2,5% em Mergulho sem Garrafa, 2,5% em Pesca em Embarcação;
  • 45,9% foram presenciados
  • Em 35,0% dos casos existiu tentativa de salvamento;
  • 15,3% no distrito do Porto, 13,4% em Lisboa, 8,9% em Faro, 8,3% em Braga, 6,4% nos Açores;
  • 14,6% em agosto, 14,6% em setembro, 12,7% em julho, 10,2% em junho;
  • Todos os meses do ano tiveram morte por afogamento;
  • 20,4% ao sábado, 18,5% ao domingo, 14,0% à sexta-feira.