À Pedrada – Opinião Luís Leal

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Por norma, os responsáveis das equipas, quando surge uma vitória depois de uma série de maus resultados, tornam isso como um oásis no deserto dos insucessos e tecem louvaminhas com a ideia de que servirá para mudar o bico ao prego. Pois no Varzim aconteceu precisamente o contrário, com o seu treinador Vitor Paneira. Depois da equipa ter passado por um momento mau de resultados, culminado com a pesada derrota em Anadia (a primeira sofrida), o regresso aos triunfos na Póvoa, frente à Sanjoanense, serviu para exteriorizar o seu descontentamento pelo passado recente. O treinador do Varzim que podia estar satisfeito com a vitória, aproveitou até para lançar umas bicadas diretas. Acusou (e lá sabe das suas razões) que “a equipa não está bem, não está forte” e isso incomoda-o ao ponto de “pedir desculpa do que fizemos, pois não fomos a imagem do que são os adeptos”, acusou. No entender de Vitor Paneira “a equipa não está à Varzim, com alma, tenho que pôr isto forte, só assim é que trabalho”. Perante todo este ‘puxão de orelhas’, direto e sem rodeios, veio a seguir a promessa: “vou reunir de imediato todo o ‘staff’ do Varzim, e prometo que nessa reunião vou partir muita pedra”.

O certo é que logo no primeiro treino a seguir à vitória sobre a Sanjoanense, a ‘pedreira’ funcionou em pleno com uma reunião, ao jeito de plenário, onde esteve presente ‘todo o mundo’, desde o principal líder diretivo, ao roupeiro e motorista. Todos foram englobados, sem exceção. Do que lá foi dito não foi transmitido cá para fora, apenas se sabe que a reunião feita no auditório do Estádio Municipal (que se tem transformado na oficina varzinista) durou toda manhã e que no final ninguém saiu de semblante carregado, o que quererá dizer que tudo correu da melhor forma. Se foi partida muita pedra ou não, ficou o ‘cascalho’ para consumo próprio e que poderá servir para reforço do caminho mais seguro para a palmilhada da equipa até ao fim desejado. O certo é que durante duas semanas, com a paragem do Campeonato por causa dos compromissos das seleções portuguesas e da Taça de Portugal (onde o Varzim foi prematuramente afastado na primeira eliminatória), só houve trabalho interno na preparação da equipa, com dois jogos-treino de permeio, frente a ‘adversários’ de escalões superiores, e, pelos vistos, a equipa está moralizada e devidamente preparada para mudar o rumo à imagem nada dignificante que tinha demonstrado anteriormente, apesar de ter uma entrada triunfante no Campeonato, com três vitórias e dois empates nas cinco jornadas, sempre classificada nos lugares cimeiros da zona norte da Liga 3, com os olhos postos no apuramento para a fase decisiva que se segue. A prova dos nove poderá ser dada já a seguir, na deslocação ao recinto do líder Felgueiras, no domingo que vem. E que marca o final da primeira volta, “sobrando”, depois, mais oito jogos para ser atingida a metade da fase de apuramento. Aí é que se vai ver se resultou ou não a pedrada anunciada, com a esperança de que não seja qualquer ‘pedrada no charco’.

Foto: Varzim SC

O que é necessário, para o bom nome do Varzim e para a prestígio da equipa, é que quem atirou a pedra sem esconder a mão, se sinta satisfeito, assim como todos os varzinistas, incluindo os que gostam de atirar pedras aos telhados alheios, mesmo aqueles que até têm telhados de vidro que as tradicionais lições populares aconselham a levar em conta.

É tudo uma questão de pedradas.

Opinião Luís Leal – ‘O Meu Cantinho’