A falta de médicos para assegurar as escalas nas urgências tem afetado hospitais por todo o país, incluindo a unidade hospitalar da Póvoa de Varzim. No entanto, “está a ser feito um esforço muito grande por parte dos profissionais e da organização dos próprios serviços para que não encerrem”, de acordo com Isabel Pires, deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia da República.
A deputada reuniu, na manhã desta sexta-feira (3), com a administração do Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, uma reunião que serviu para discutir as obras previstas para o novo Hospital, mas também a questão das urgências e os constrangimentos associados.
“Os profissionais de saúde fazem aqui um esforço muito grande, mas, de facto, do ponto de vista das condições físicas, é uma das matérias mais relevantes. Para nós também foi importante perceber como é que está o ponto de situação do processo”, indicou a deputada no final da reunião, confirmando que estão inscritas no Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) verbas para o novo hospital e que “ainda poderá vir a estar inscrito algumas verbas no novo PT2030, que ainda não está fechado”.
Segundo Isabel Pires, “essa inscrição no OE2024 existe, já existiu em orçamentos anteriores. A grande diferença é que não estava inscrita no orçamento do próprio hospital. Neste momento, parte da verba para iniciar as obras já está incluída no próprio orçamento do hospital, o que significa que agora poderá avançar de forma mais rápida”. Resta saber quem terá tutela sobre as decisões – se se mantém o Ministério das Finanças ou se o Ministério da Saúde vai poder, “de forma mais autónoma”, tomar as decisões relativamente às obras, o que “acelera de alguma forma estes processos” –, questão que será debatida relativamente ao OE.
Quanto aos constrangimentos nas urgências, a deputada do Bloco lembrou que já “houve aqui algumas falhas, em que a urgência de Cirurgia esteve encerrada” e avançou que, “por exemplo, na Pediatria não encerraram, mas estão a sentir a dificuldade da falta de pessoal na urgência de Pediatria e de Obstetrícia”.
“Aquilo que nos foi dado nota é que está a ser feito um esforço muito grande por parte dos profissionais e de organização dos próprios serviços para que não encerrem”, disse, no entanto, “algumas urgências em alguns dias estão a funcionar com um número de pessoal abaixo daquilo que seria indicado”. A solução, defende, passa pela negociação em curso com os médicos, que é “absolutamente essencial” e “é o que vai ser possível desbloquear a forma como o SNS está neste momento a funcionar”.
“O que se pede é que o Governo consiga chegar a um acordo com os médicos neste momento, para que, com toda a normalidade, os serviços possam vir a funcionar”, afirmou Isabel Pires.
“Falamos dos médicos, mas também temos a questão dos enfermeiros que vivem numa precariedade muito grande e com salários muito baixos ainda, os assistentes operacionais, os técnicos de diagnóstico e terapêutica. Há vários profissionais de saúde que precisam de ver as suas condições melhoradas para não acontecer aquilo que nos disseram aqui e que dizem um pouco por todo o país, que é os médicos formam-se e acabam por sair ou para o privado ou para o estrangeiro, porque as condições são muito mais atrativas”, terminou.