Viver o Natal como Alexandrina – Opinião de pe. Manuel Casado Neiva

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Ao celebrar os 800 anos do primeiro presépio construído por S. Francisco, no Natal de 1223 em Greccio, vamos a Belém contemplar a maravilha de Deus, o menino nascido semelhante a nós, numa gruta, porque não havia lugar para Ele na hospedaria.

Natal é olhar para o presépio e contemplar as três personagens: o Menino, Maria e José, simples e humildes. É descobrir, na fé, o Amor que nasceu da Virgem e que Ela reclinou na manjedoura. O Menino Deus é o Deus Amor por nós nascido. Viver o Natal só por “fora” e não ir ao âmago, ao mais profundo do mistério do nascimento, que é o Amor que trouxe Deus até nós, que levou Deus a fazer-Se homem, não faz sentido.

Viver o Natal é construir pontes que unam as pessoas, é sermos presença e testemunho vivo do Menino, amando, servindo e partilhando com os mais frágeis da sociedade. Natal é ser família renovada pelo amor que, à volta do Menino do presépio, aprende a arte de amar, de ser família cristã com valores evangélicos. Natal é Luz.

Ele veio para ser a verdadeira Luz que ilumina a humanidade, que muitas vezes anda nas trevas. Natal é Paz. Os anjos cantam: Glória a Deus e Paz aos homens. Mas só haverá Paz se houver verdadeiro Amor. Só de joelhos, contemplando o presépio, perceberemos melhor esta lição divina: Deus fez-se homem porque nos ama infinitamente.

Alexandrina Maria da Costa, mais conhecida por Alexandrina de Balasar, apesar da sua doença e sofrimento e o facto de não poder participar nas celebrações da igreja, ela que muito gostava de participar e cantar, viveu o Natal com muita fé e amor a Jesus, no seu leito de dor. São belos os textos onde manifesta a vivência do Natal. Podem ajudar-nos a viver o nosso Natal com mais fé e unidos a Jesus Menino.

Alexandrina «Principiei a ouvir fogo e repique de sinos. Pedi que me trouxessem umas imagenzinhas do Menino Jesus. Colocadas sobre o meu peito, queria aquecê-las. O calor que lhe dei não era o que queria dar-lhes; queria queimá-los com fogo de amor. Queria dizer-lhe muitas coisas e não sabia. Estreitei-os ao me peito docemente e continuei os meus gemidos. Estou certa que Jesus os aceitou e não ficou triste. Ninguém como Ele via como eu sofria; ninguém como Ele sabe que mesmo gemendo é por amor que gemo e quando mais não posso. Não sei os minutos que se passaram, o que sei é que passei a outra vida e ouvi Jesus no meu coração:

Jesus “Nasci no presépio do teu coração, Minha filha. É o Esposo que vem à sua esposa. É o Rei que vem à sua rainha. Sou Rei do Céu e tu rainha da Terra. Como estou bem aqui, ó rainha do amor. O presépio que Me dás não é áspero como o de Belém; é fofo com as tuas virtudes. No teu presépio não sinto os rigores do frio; sou aquecido com amor mais puro e abrasado.

Alexandrina – Oração no Presépio «Doce e querido Jesus, em espírito prostrada humildemente, sentindo o vosso presépio, venho adorar-Vos e entregar-me inteiramente a Vós, para mesmo aqui, neste momento, morrer para mim e para o mundo. Oh, sim! Quero Jesus, para viver inteiramente para Vós, para dar-Vos a prova não do amor com que Vos amo, porque é tão pouco, mas sim daquele com que Vos queria amar. O que Vós quiserdes é o que eu quero, meu Jesus. A vossa vontade, a vossa glória e vosso amor. Vós, só Vós, meu Jesus».

Que Jesus Menino conceda paz para os seus irmãos de Belém e em todo o mundo. Como Alexandrina, vivamos um Santo Natal. Padre Manuel Neiva