Paneira garante: “Estamos unidos e vamos a Felgueiras para vencer”

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Vítor Paneira, treinador do Varzim, garantiu esta sexta-feira, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo de amanhã em Felgueiras, que a equipa está a trabalhar intensamente e está confiante para ganhar este e os próximos jogos, apesar dos momentos difíceis que o clube está a viver.

Quanto às declarações que fez na semana passada, referiu que não quis “atingir ninguém”, mas apenas descreveu a realidade do mundo do futebol: “toda a gente sabe que é verdade o que eu disse. Por isso está aí toda a gente calada”, disse.

O jogo Felgueiras-Varzim, marcado para as 21 horas de sábado, vai decorrer no Estádio Dr. Machado de Matos em Felgueiras, com transmissão no Canal 11. É referente à jornada 5 da 2ª fase (de apuramento de campeão) do campeonato da Liga 3. Leia tudo o que foi dito em conferência de imprensa:

O Varzim amanhã vai jogar frente a uma equipa que dominou na primeira fase e que ainda não ganhou nesta segunda. Há uma estratégia para aproveitar a ansiedade do Felgueiras? Não. O Felgueiras foi a melhor equipa das 20 na primeira fase das duas séries. Acabou por ter alguma dificuldade nos primeiros três jogos, empatou. Uns com infelicidade, que até merecia mais, até o último jogo em que perdeu foi o melhor jogo que fez, na minha opinião, nesta segunda fase. É isto, às vezes, até se encontrar o caminho das vitórias, as equipas têm alguma dificuldade.

As expectativas do Felgueiras, naturalmente, por aquilo que fez na primeira fase, eram elevadíssimas. E as coisas não têm corrido tão bem quanto desejariam, de certeza absoluta, porque era uma equipa que tem naturalmente ambições muito fortes, ou tinha ambições muito fortes. Ainda deve ter, naturalmente, para chegar a um lugar de subida. Portanto, o grau vai ser dificílimo, vai ser uma equipa que foi a melhor, de longe, e que vai querer recuperar esse estatuto perante o Varzim, que vai tentar jogar também para vencer. São duas equipas que vão entrar com esse espírito, tentar se aproximar dos lugares da frente. Vai ser um bom jogo com duas boas equipas.

Espera um Felgueiras diferente daquilo que foi na primeira fase? Possivelmente menos confiante, eu diria. Mas os indicadores deste último jogo foi de um Felgueiras à imagem da primeira fase. É verdade que o Felgueiras foi sempre muito competente, muito forte, melhor que os outros, e teve sempre também algum fator de sorte, que ajuda muitas vezes as equipas a ganhar essa consistência. Muito mérito, um bocadinho também de alguma felicidade. Recordo-me, por exemplo, com o nosso jogo lá. Mas vai ser um jogo difícil. Prevejo uma equipa competente, muito forte, com muita qualidade, que quer voltar rapidamente às vitórias e quer ganhar, porque é importante para eles também, tal e qual como é para o Varzim ganhar amanhã.

O Varzim fez dois jogos consecutivos sem marcar um golo, certamente o preocupa. Espera amanhã que os golos sejam uma realidade? Eu espero marcar sempre. Quando me deito a dormir, espero sempre golear as equipas adversárias no meu pensamento. Os outros treinadores deve ser igual; ganhar de uma forma confortável. Foram dois jogos em que a equipa não conseguiu, a equipa vinha com um bom registo defensivo e ofensivo nos últimos jogos. Fomos perdendo isso. É normal, o momento também não é o melhor. Percebe-se perfeitamente que haja alguma falta de eficácia. Nós temos tido muita falta de eficácia ao longo deste e do outro campeonato. Não temos sido muito felizes nisso, não é por falta de trabalho. As coisas às vezes acontecem, de um dia para outro as coisas mudam e a gente não espera.

Esta semana tem sido marcada novamente por outras situações, e que agora envolveu o Sindicato dos Jogadores. Que impacto é que isso tem tido na equipa? É um direito que os jogadores têm, recorreram a um fundo que o sindicato, felizmente, tem esse fundo para ajudar os jogadores. Os jogadores requisitaram a vinda do sindicato. Um bocadinho empolado de tudo isto. Devia haver aqui um bocadinho mais de bom senso nisto tudo. Porque a verdade está que os jogadores estão com ordenados em atraso. A verdade é que a Comissão tem feito um trabalho que ainda não conseguiu tornar tão visível quanto aquilo que eles têm feito, porque as coisas ainda não foram conseguidas como eles desejariam, mas tem feito um trabalho extraordinário. Os jogadores sabem disso, portanto, nem sequer beliscar com a Comissão, muito pelo contrário. Mas é um direito que eles foram exercer. Um direito que tem qualquer cidadão, de reclamar na entidade os seus direitos.

Não há que ninguém ficar melindrado com isso. Ninguém feriu o Varzim, muito pelo contrário. O Varzim está acima de tudo, os jogadores têm feito uma luta incansável. E ficamos aqui todos com uma sensação de que aqui há uns maus da fita e os bons da fita, e não é. Estamos todos no mesmo barco, somos todos empregados do clube, todos estamos no mesmo barco, com as mesmas dificuldades.

Felizmente, os jogadores têm um sindicato que os apoia, os restantes não têm. E eu falo por mim, que nem sequer tive nenhuma manifestação do meu sindicato, e sou sócio há muitos e muitos anos. Não quero nenhum apoio, quero uma palavra de incentivo, como todos os funcionários deste clube merecem e também nós merecemos. De resto, eles foram buscar aquilo que é possível ir buscar, para minimizar o momento que é doloroso, é o limite do impossível, onde eles estão.

E não é fácil trabalhar assim. Não é fácil estar agora a comentar notícias. Queremos o bem para o clube, os jogadores têm dado o máximo para o clube, nunca reclamaram de nada. Treinam todos os dias até ao limite, nunca se recusaram a nada. Jogam e lutam pelo Varzim. Hoje é dia 8, faz hoje 3 meses. É verdade que a Comissão, e é bom que se diga, tem feito um esforço para ajudar aqueles que estão em posições muito delicadas, e tem ajudado muitos jogadores também, ajudar com algum dinheiro para dar alguma estabilidade nos jogadores que estão muito carenciados. Têm feito uma luta, estão a trabalhar diariamente.

Hoje, o presidente veio dar mais uma cara, o senhor Rodrigo Moça, e vem mostrando que é um homem firme, um homem de valores, um homem que defende os seus funcionários também. Percebe a dificuldade em que estão os funcionários do Varzim, percebe os funcionários do Varzim, inclui os jogadores, os treinadores e toda a gente aqui dentro, estamos todos no mesmo barco. Não temos de referenciar ninguém, uns não são mais nem uns sofrem mais, outros sofrem menos.

Uns ganham muito e conseguem, outros ganham pouco e não conseguem. Nós ganhamos pouco e não conseguimos gerir. É difícil. Portanto, não vamos fazer comparações com o Rio Aves, com Boavistas, porque eles ganham muito, nós não ganhamos muito.

Eu agora vou pedir para fazer um exercício. Aqueles que já fizeram a semana passada, que façam: aqueles que ganham o ordenado mínimo, não receber 3 meses, aqueles que ganham 1.500, que façam o mesmo exercício que estão a fazer aqueles que ganham o ordenado mínimo, e aqueles que ganham 3 mil, que façam também o exercício. Depois percebem o que é a diferença de não receber 3 meses.

Só isso, de resto, nós estamos com a Comissão a mil, estamos com o Varzim Sport Clube 1915, que é este clube, 1915, tem de continuar, que vai prevalecer. Vai existir por muito, vai fazer história, vai continuar a fazer história e vai orgulhar os adeptos como sempre orgulhou.

Nós amanhã vamos fazê-los orgulhar, vamos entrar em campo com tudo, com tudo outra vez. Nós temos de dar o máximo pelo clube, é isso que nós exigimos, mesmo na dificuldade, sabendo a coragem dos jogadores nesta dificuldade, nunca virar a cara à luta. É isso que nós temos de fazer, não temos de ter problemas nenhuns. Agora estarmos todas as semanas a comentar, é difícil para mim. Eu queria comentar coisas boas de futebol, mas há coisas menos boas. É o dia-a-dia, a realidade do que eu estou a viver, que nós estamos a viver. É essa a realidade, vai trazendo notícias.

Nós queremos outras notícias, de vitórias. Estamos aqui muito consistentes. Não as temos ainda, mas vamos trabalhar. Os jogadores estão a trabalhar para isso, vamos trabalhar para isso. Amanhã é um jogo importante, todos nós sabemos. Vamos entrar em campo às 9 da noite para dar o máximo, mais uma vez dar o máximo, e vamos tentar ganhar o jogo. É isso que nós prometemos, lutar pelo Varzim até ao fim.

As suas palavras do passado domingo foram um grito de revolta, foi um desabafo. Foi para atingir outros ecos? Não, eu não quero atingir ninguém. Muita gente boa do futebol me ligou, felizmente. Recebi centenas ou milhares até de mensagens de pessoas. Não houve nenhuma pessoa que tenha dito que eu não tinha razão. Não houve nenhuma pessoa que não tenha reconhecido. Eu não vou mudar o futebol, não consigo, ninguém consegue. Conseguimos todos, se quisermos, mudar o futebol para melhor. Agora eu fui dando um berro de coisas que todos nós sabemos que é verdade no futebol. Toda a gente sabe que é verdade o que eu disse. Por isso está aí toda a gente calada, ninguém fala.

Um dia destes, vamos com nomes para a frente, e aí vai ser pior. Aí vai toda a gente acordar mesmo de uma vez por todas. Mas eu não quero isso, eu quando me referi às coisas, foi ao futebol, às coisas estranhas cá no futebol. Os agentes dos jogadores, quando eu falei nas comissões, fazem o seu trabalho, não é para eles que eu falei, eles fazem o seu trabalho, têm que ganhar o seu trabalho. Falo é de outras coisas, outros esquemas e outras coisas que andam para aí metidas que não faz sentido, não faz interesse nenhum ao futebol.

Eu disse aquilo que pensava, vou dizer sempre aquilo que eu penso, achando que tenho razão. Se não tiver razão, peço desculpa depois logo a seguir. E é isso que vai ser sempre a minha conduta no futebol. Sempre pela verdade, com transparência.

As pessoas depois façam o juízo, se quiserem. Aqueles para quem serve a carapuça que percebam as palavras e se quiserem fazer alguma coisa pelo futebol. Nós temos um futebol bonito, nós temos um viveiro de treinadores e de jogadores infindável. E depois andamos com o futebol podre, pobre. Não conseguimos competir com ninguém, porque tanto dinheiro anda nestes clubes, nestes não, infelizmente, neste nosso futebol tanto dinheiro desaparece tão facilmente.