A Câmara Municipal de Vila do Conde garantiu “retaguarda social pelos serviços municipais” às 97 trabalhadoras despedidas da fábrica de conservas Gencoal, localizada nas Caxinas. A garantia foi dada à agência Lusa pelo presidente da autarquia, depois da reunião com representantes das trabalhadoras, sindicatos e do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
“Demos conta aos sindicatos e às trabalhadoras de que não estão sós. Têm da parte da Câmara uma retaguarda social que cuidará, certamente, dos casos mais emergentes. No imediato, vamos saber quem são estas trabalhadoras, a sua idade e condição social. Colocaremos todos os serviços municipais ao serviço destas trabalhadoras”, afirmou Vítor Costa.
O edil, que se diz “muito preocupado com a situação”, acrescentou que “é algo que terá certamente um grande impacto social nesta nossa região, mais concretamente em Caxinas e da Poça Barca. Em conjunto, vamos trabalhar para procurar mitigar uma situação. Felizmente, percebemos que ninguém está só, antes pelo contrário, vamos encontrar respostas”.
Ainda à Lusa, adiantou estar “extremamente surpreendido” com os despedimentos, porque “ainda há poucas semanas, a empresa, numa reunião aqui na Câmara mostrou uma grande vontade de reinvestir em Vila do Conde”.
Da parte do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação e Bebidas, José Armando Correia, mostrou-se satisfeito com a vontade da Câmara e do IEFP para apoiar as trabalhadoras, mas vincou que vão continuar “a fazer o nosso trabalho sindical para tentar retroceder este processo, que ainda está numa fase inicial, e que pretendemos impugnar. Ainda não conseguimos ter contacto com a administração da empresa, não vemos da empresa abertura para alterar o despedimento”.
“Percebemos que há uma intenção de varrer com as trabalhadoras mais reivindicativas ou com problemas de saúde, para mais tarde contratar novas pessoas. A maioria dos trabalhadores despedidos esteve numa recente greve para reivindicar. Para nós é uma forma encapotada de retaliar e se livrar destas pessoas”, disse ainda, recordando a greve feita em novembro por algumas trabalhadoras para reivindicar melhores condições salariais.