A Moda Rápida e o seu Impacto – Opinião de Marta Vinhas

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A moda rápida, ou fast fashion, conquistou o mundo com a promessa do acesso ao “estilo” através de preços baixos. Contudo, este modelo de produção e consumo desenfreado tem um custo para o planeta e para a sociedade, que não pode ser ignorado.

Segundo a Ellen MacArthur Foundation, a produção têxtil global é responsável pela emissão de 10% do CO2 por ano (mais do que todos os voos internacionais e o transporte marítimo combinados). É também uma das maiores e mais intensivas indústrias na utilização de recursos naturais, e uma das maiores consumidoras de água, responsável por cerca de 20% da poluição industrial em todo o mundo.

Os resíduos têxteis também representam uma enorme preocupação. Estima-se que 85% dos têxteis acabam em aterros ou são incinerados – a cada segundo, o equivalente a um camião de lixo de têxteis é descartado. Muitos desses materiais são sintéticos e levam centenas de anos para se decompor, gerando um impacto negativo ambiental significativo e duradouro.

O impacto social da fast fashion é igualmente perturbador, já que a busca pela produção rápida e barata muitas vezes resulta em condições de trabalho precárias e exploração laboral. Trabalhadores são frequentemente submetidos a jornadas exaustivas, salários baixos, falta de condições de trabalho e ambientes perigosos.

Embora o cenário atual seja preocupante, há iniciativas promissoras que apontam para um futuro mais sustentável. A economia circular é um modelo que visa prolongar a vida útil dos produtos através da reciclagem e reutilização para produtos desgastados – este modelo reduz o desperdício e o consumo de recursos naturais. Promove-se a utilização de materiais ecológicos e biodegradáveis em vez de materiais sintéticos. Na moda ética promovem-se condições de trabalho justas e salários dignos para os trabalhadores, e a transparência nas cadeias de produção – o respeito pelos direitos humanos são pilares dessa abordagem.

Comprar Menos, Escolher Melhor, Investir em peças de qualidade que duram mais tempo, em vez de comprar quantidades excessivas de roupas baratas, de fraca qualidade e descartáveis. Apoiar Marcas que demonstram compromisso com práticas sustentáveis e éticas. Comprar roupas de segunda mão ou participar em mercados de trocas de roupas para reduzir a procura por novos produtos e prolongar a vida útil dos têxteis existentes. Em vez de descartar roupas danificadas, consertar ou reciclar contribui para a redução significativa de desperdício.

No entanto, a mudança é possível e começa com cada um de nós. Ao fazer escolhas conscientes e apoiar práticas responsáveis, podemos contribuir para uma indústria da moda que respeite o meio ambiente e as pessoas. Juntos, podemos tecer um futuro mais sustentável.

Marta Vinhas, membro do movimento Póvoa em Transição