Tesoureiro suspeito de desvio de dinheiro na Junta de Azurara terá “problemas de jogo”

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O antigo tesoureiro da Junta de Freguesia de Azurara, Vila do Conde, suspeito de desviar 79 mil euros entre 2013 e 2017, terá confessado que tinha “problemas de jogo”. Foi o que alegou a ex-presidente da autarquia, na primeira sessão do julgamento, realizada na quarta-feira no tribunal de Matosinhos.

Na sessão de quarta-feira, o arguido não quis prestar declarações ao tribunal, mas a antiga presidente da Junta, na condição de testemunha, revelou ao coletivo de juízes que o ex-tesoureiro “confessou que tinha levantado dinheiro devido a um problema de jogo”. “Estava fora de si, disse que já tinha pedido ajuda para se curar, mas não tinha conseguido”, disse Rute Saraiva.

Segundo a mesma, esta confissão foi feita verbalmente, aos restantes elementos do executivo, e depois numa carta assinada, anexada à queixa que seguiu para o Ministério Público.

A ex-autarca adiantou que, durante o mandato, não sentiu a “necessidade de fiscalizar os extratos bancários” da conta da Junta, por confiar no arguido. Contudo, depois da confissão do alegado desvio, verificou a existência de levantamentos de 150 euros que, no total, ascenderão a 50 mil euros.

Rute Saraiva adiantou ainda que as declarações das contas da Junta para o Tribunal de Contas eram submetidas pela própria, mas com dados fornecidos pelo tesoureiro, e que nunca suspeitou dos desvios visto que os pagamentos aos fornecedores da autarquia eram feitos e a conta continuava a ter dinheiro.

Na mesma sessão, foi ouvido um elemento da Polícia Judiciária, envolvido na peritagem às contas e na investigação, que afirmou que a autarquia não tinha contabilidade organizada. Disse também que, em análise feita aos extratos bancários, se aferiu o levantamento de mais de 50 mil euros em numerário, mas não se conseguiu discernir o beneficiário dos montantes nem o destino do dinheiro.

O homem de 51 anos começou a ser julgado pelo crime de peculato por, alegadamente, se ter apropriado de fundos da Junta entre 2013 e 2017. A segunda sessão do julgamento ficou marcada para as 14 horas de 16 de outubro.