Fundado a 1 de junho de 1974, o Meira Café, localizado em frente à Junta de Freguesia de Balasar, é uma marca familiar há mais de meio século. Na altura, surgiu com uma ideia diferente do habitual na freguesia, habituada ao conceito de ‘tasco’. Quase 51 anos depois, a inovação inicial não se perdeu, e há planos ambiciosos para o futuro.
Gabriel Meira é o rosto do Meira Café desde 2007. Herdou do pai, Francisco, o negócio. “O meu pai emigrou com 15 anos para o Brasil, em 1957. Lá, trabalhou em padaria, foi trabalhar para um tio, e começou aí o gosto dele pelo co- mércio”, recorda.
No espaço de uma década, Francisco Meira já tinha assumido duas padarias, sendo uma sua propriedade. Já casado, veio com a esposa a Portugal, em 1968, mas só estiveram em território nacional por três meses. Contudo, decidiram regressar de vez do Brasil em 1973.
“A ideia do meu pai sempre foi o negócio, porque ele vinha dessa experiência. Foi quando ele conheceu este edifício em Balasar e alugaram até hoje”, conta o atual proprietário. As- sim nasceu, em 1974, o Café Meira.
“Várias gerações passaram por aqui”. Gabriel admite que, “na altura, foi bastante inovador. Havia muito o conceito de tasca e ele veio trazer um pouco do conceito de café”. Servia café expresso, petiscos, almoços, encantando os clientes com “aquele sotaque brasileiro”. Segundo Gabriel, “várias gerações de Balasar passaram por aqui”.
Nos anos 80, inclusive, o Café Meira chegou a ser palco de “grandes comícios políticos”, sendo um espaço de tertúlias. O proprietário lembra-se que, na altura das eleições, uma parede do primeiro andar do edifício aparecia sempre com siglas dos partidos políticos. “Era engraçado”, admite.
O grande ‘boom’ registou-se a partir de 2004, com a beatificação de Alexandrina. Localizado a poucos passos da igreja paroquial, o Café Meira era uma paragem obrigatória dos peregrinos. “Vinham 40-50 autocarros aos domingos. O meu pai vinha para aqui às 4 da manhã, ao fim de semana. Servia sandes logo de manhã, vinha pessoal a pé de Paços de Ferreira, Santo Tirso, Guimarães, Braga”, lembra Gabriel.
Depois de décadas de trabalho, e com “bastantes problemas de saúde”, Francisco Meira passou o negócio ao filho. Em 2007, o estabelecimento era renomeado Meira Café, num conceito mais moderno e jovem. A ementa mudou também: “trabalhamos com cachorro, francesinha, hambúrguer. Apostamos muito nos pequenos-almoços, alguma coisa diferenciada. Deixou de ser um café para fazer petiscos. É um conceito mais jovem, mais fácil para trabalhar, e que vai ao encontro dos gostos de hoje”, esclarece Gabriel Meira.
“Balasar precisa de inovação”. Passados 21 anos da beatificação da ‘Santinha’, o turismo religioso, ao fim de semana, continua a ser um motor no negócio do Meira Café, apesar de ter “uma boa carteira de clientes” que usufrui do estabelecimento diariamente.
Agora, com a inauguração em breve do Santuário de Alexandrina, Gabriel prevê uma explosão. “Com o crescimento da Basílica e o desenvolvimento das infraestruturas, vamos ter um crescimento que agora não vemos de segunda a sexta”, confessa. “Penso que vai explodir, tanto ao fim de semana como durante a semana”.
É prevendo este crescimento futuro que Ga- briel Meira tem já alguns projetos pensados. Um deles é, claro, manter e inovar no Café, mas também transformar o primeiro andar num alojamento local para peregrinos que pernoi- tem em Balasar.
“Balasar também precisa disso. Temos de pensar nas pessoas que nos vêm visitar. Se isto realmente tiver a explosão que nós pen- samos, temos de aproveitar. Se as pessoas fi- carem cá um dia ou dois, vão consumir cá”, potenciando a economia da freguesia, afirma. “Se não houver cá condições, vão para outros sítios e vão deixar de consumir cá”, alerta. E termina: “o caminho tem de ser esse. Temos de ir por aí”.