Legislativas 2025 – Opinião de Mário Bettencourt Sardinha

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Vão realizar-se no domingo eleições legislativas antecipadas, porque embora evitáveis, Luís Montenegro quis. E quis – decisão muito arriscada -, para não ficar com a “espada apontada” depois de despoletado o caso Spinumviva. Na verdade, quando se pôs a questão de uma comissão de inquérito parlamentar ao que se passou, o líder do PSD depois de algumas peripécias negativas, avançou com uma moção de confiança ao governo, quando sabia que o PS votava contra, o que aconteceu e, foi rejeitada.

Foi para mim uma enorme surpresa de todo o envolvimento e desenvolvimento do caso em si, pois há muito me referenciavam Montenegro, que tem grande experiência e profundo conhecimento do que é a política e dos seus bastidores. Cometeu um grave erro político/ ético, mas apenas político/ético, eventualmente por facilitismo, imprudência…

Consumado o processo de candidatos a deputados, constata-se que eles espelham as sensibilidades de quem está no poder dos partidos. Também, como sempre, os partidos e, principalmente os da área da governação, PSD (AD) e PS, acautelaram-se em pôr em primeiro lugar e, nos seguintes, em cada círculo eleitoral, personalidades conhecidas dos eleitores e, com alguma notoriedade e capacidade, embora nalguns casos, sem grandes laços de afetividade à região.

Conhecidas as “linhas força” dos programas eleitorais, dos projetos, dos vários posicionamentos político/filosóficos/económico/ sociais, os líderes dos partidos com assento na Assembleia da República, ainda em pré- -campanha, debatiam nas televisões e, no passado dia 4 à noite, já em campanha oficial, estiveram num debate/entrevistas, bem conduzido por Carlos Daniel e, no dia seguinte, nas rádios, tendo ficado bem claro os vários posicionamentos, o rumo e o ritmo que se seguiria…

Assim, a campanha tem sido dominada por muitas acusações, algumas pessoais, pelo apelo ao voto útil à direita por Montenegro e à esquerda por Nuno Santos, sempre contestado pelos líderes dos partidos a serem visados, pela Spinumviva e por temas que muito preocupam e interessam aos portugueses, como saúde, habitação, imigração, segurança social, corrupção, o apagão e todo o seu circunstancialismo; ainda nada, como era devido, sobre defesa, coesão e equilíbrio territorial. Tem avançado com alguns comícios, alguns encontros, alguns almoços e jantares, algumas arruadas, muita comunicação social com grande cobertura televisiva, que tem prestado um bom serviço ao país e aos portugueses pela comunicação/informação/mobilização.

Os líderes dos partidos com os seus valores e princípios politico/ideológicos têm afincadamente manifestado a defesa das suas causas e dos seus interesses, ressaltando o que é o verdadeiro populismo de André Ventura. Luís Montenegro e Nuno Santos partiram para a campanha em posições muito desiguais. O líder do PSD (AD), na de incumbente, que tem governado e resolveu rapidamente – aproveitando o excedente orçamental que lhe foi deixado pelo governo PS – algumas desavenças com grupos profissionais da função pública, o que muito vale eleitoralmente e, o líder do PS a “remar contra a maré”, vítima de um circunstancialismo político amalgamado mal-entendido.

Num mundo globalizado com guerras, espionagem cibernética, cheio de sinais e incertezas que levam a preocupantes dúvidas e interrogações, obriga, inelutavelmente, a estabilidade política e governativa no país. Os portugueses têm o dever de analisarem, de bem informarem -se, de esclarecerem-se, de refletirem e interrogarem-se, de quem será capaz de o conseguir e, também de formar o melhor governo, capaz de criar pontes…

No quadro que nos aparece, a futura liderança do país será de Montenegro (AD) ou de Nuno Santos (PS), eventualmente coligados. Naturalmente que para a sua escolha – o voto – também é determinante o programa e os projetos das suas forças. Têm feito uma campanha com fulgor à procura duma “onda”, que nunca apareceu… Ambos com estilos, formas de ser e estar diferentes, boa dialética e boas intervenções, apaixonados pelo país, pela política e pelos seus partidos, são competentes, responsáveis, dinâmicos, empenhados e determinados.

Com muitos indecisos, está em aberto o vencedor, que deverá fazer-se acompanhar de bons e sérios “quadros”, o que nem sempre aconteceu, para que com as necessárias e inultrapassáveis reformas dar resposta aos anseios dos portugueses e, surgir um bem preparado, melhor e próspero Portugal para enfrentar os desafios que se avizinham. VOTEMOS.