Hospital da Luz da Póvoa de Varzim: A cirurgia que devolveu a nitidez e autonomia a Rosário (fotos)

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Aos 62 anos, Rosário reencontrou a liberdade que há muito lhe escapava. Professora de profissão, viu o seu quotidiano condicionado pela dependência dos óculos para ler, conduzir, trabalhar ao computador ou simplesmente verificar a validade de um iogurte no supermercado. “Se me esquecia dos óculos, ficava limitada. Cheguei a pedir aos colegas para me emprestarem os deles só para conseguir escrever um sumário”, recorda.

Foi numa consulta de rotina que ouviu pela primeira vez a expressão “cataratas madurinhas”. O diagnóstico do Dr. Manuel Domingues, coordenador de Oftalmologia do Hospital da Luz Póvoa de Varzim, foi claro: a cirurgia era inevitável. “Se tinha dúvidas, deixei de ter. A minha mãe foi operada aos 80. Eu tinha 59. Nunca pensei que fosse tão cedo”, confessa.

A intervenção foi marcada. Primeiro um olho, depois o outro, com apenas uma semana de intervalo. “A sensação na manhã seguinte foi in- descritível. O olho operado compensava o outro, ainda por operar. Consegui conduzir, trabalhar, fazer tudo. Foi uma libertação.”

Durante a visita ao hospital, Rosário partilhou a sua experiência com emoção e humor. “A cirurgia foi local, conversámos o tempo todo. Contaram-se anedotas, explicaram-me cada passo. Estava relaxada. E no dia seguinte, já conseguia enfiar uma agulha sem óculos, algo que não fazia há anos, nem com lupa.”

A ciência por trás da visão. O cristalino, lente natural do olho, sofre alterações com a idade, tal como a pele perde elasticidade. “É uma estrutura de proteínas que se desorganiza com o tempo. Tal como ganhamos rugas, o cristalino perde transparência e começa a formar a chamada catarata, criando uma neblina na visão”, explica o Dr. Domingues.

A presbiopia, dificuldade em focar objetos próximos, é uma condição universal que se manifes- ta por volta dos 45 anos. “Todos nós vamos passar por isso. A tecnologia atual permite corrigir a visão ao longe, ao perto e no computador, mas ainda não temos um foco hiper dinâmico que permita ver com nitidez desde os centímetros até aos 300 metros. A ciência continua a evoluir.” A cirurgia realizada a Rosário é considerada uma das mais completas, resolvendo quatro problemas num só gesto: visão ao longe, ao perto, no computador e cataratas. “É a melhor tecnologia disponível em 2025, com lentes trifocais e equipamentos de alta precisão. Mas cada olho é único, e a escolha da lente é personalizada.”

Tecnologia de ponta ao serviço da saúde ocular. No segundo piso do hospital, o Centro de Oftalmologia dispõe de equipamentos de última geração, como o Pentacam AXL Wave, o IOL Master e o OCT, que permitem medições milimétricas da curvatura ocular e da estrutura interna do olho. “Entre ver e não ver, está meio milímetro. É essa membrana que separa o ar do mar, e é nela que conseguimos ver artérias, tensões, sinais de dia- betes e glaucoma.” No bloco operatório, a equipa médica demonstrou o funcionamento do laser Excimer, utilizado na cirurgia Lasik. Este procedimento, rápido e indolor, corrige miopia, astigmatismo e hipermetropia, permitindo ao paciente regressar a casa no mesmo dia. “A aposta em tecnologia de ponta reflete o nosso compromisso com a segurança e o conforto dos nossos doentes.”

Ver com nitidez: uma nova forma de viver. Rosário recorda com emoção o momento em que percebeu a diferença. “Sou geógrafa e gosto de imagens nítidas. Nunca me esqueço de uma manhã de maio, no alto do Soajo, em que vi dezenas de gradações de verde. Foi uma pu- reza de visão que nunca tinha experimentado. Hoje, depois da cirurgia, voltei a ver com essa nitidez.”

Mesmo os efeitos secundários, como as auréolas nas luzes à noite, não a incomodaram. “Já estava prevenida. Vi auréolas nas primeiras viagens, mas nunca me perturbaram. Os benefícios são tão grandes que superam qualquer pequeno incómodo.” O pós-operatório foi simples, mas exigente. “Nada de vapores, nada de cozinhar, cabeça sempre direita e gotinhas a horas certas. Cumpri tudo. E valeu a pena.” Hoje, Rosário vive sem óculos. “Se voltasse atrás, faria exatamente a mesma coisa. Só tenho pena de não ter feito mais cedo. Quando vejo amigas na mesma situação, digo-lhes: liberta-te disso. A vida muda. O dia a dia muda. E muda para melhor.”

Prevenção e rastreio: olhar para dentro antes que seja tarde. O oftalmologista Manuel Domingues reforça a importância da informação e da prevenção. “A maior parte das pessoas não têm ideia do que é um olho. É o único lugar do corpo onde conseguimos ver artérias diretamente. E é também onde podemos diagnosticar precocemente doenças como o glaucoma, a segunda causa de cegueira irreversível no mundo.” No Hospital da Luz Póvoa de Varzim, realizam-se rastreios oftalmológicos regulares, gratuitos, em escolas, empresas e instituições. “É fundamental que as pessoas percam o medo da bata branca e façam exames regulares. A visão consome 70% da atividade cerebral. É o nosso principal sentido. E merece ser cuidado.”