Festival Internacional de Música da Póvoa… é só um hino à música?

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José Andrade

Felizmente não!

E digo felizmente por duas ordens de razões. Pela oportunidade de proximidade que permite deliciar os ouvidos e o espírito, com música de bom gosto, pela oferta de qualidade cultural, artística e de promoção, nacional e internacional que criou e mantém e, pela excelência de todo um evento que coloca à fruição dos que gostam de música com alma, executada com classe, partilhada com cumplicidade, a custo monetário de ‘arrepiar’.

Exagero? Penso que não! Nem exagero, nem foi ‘alucinação’, poder testemunhar aquele numero de espectadores que lotavam os lugares disponíveis de todos os dias de todos os concertos. Assim como não é uma alucinação, nem outra heresia no comportamento de comentário, públicamente aplaudir, e agradecer o bom gosto, profissionalismo, simpatia e pontualidade da organização. Muito Obrigado Professor João Marques. Muito Obrigado a todos aqueles simpáticos e cordiais colaboradores camarários – não cito os nomes, porque sei que aquilo que não faz parte da minha maneira de ser e estar, a inveja, ainda faz escola ‘inter-pares’, principalmente os mais incompetentes e boçais – colaboradores, que com gentileza, tudo faziam para que quem acorria aos concertos, o fizesse como em sua casa estivesse. Simpaticamente recebidos, comodamente encaminhados e prontamente atendidos, só por isso, muito obrigado. Uma palavra ainda de cumprimento para o vice-presidente, responsável pelo pelouro, Luís Diamantino. Sei que tem um especial carinho pelas ‘suas Correntes d’Escrita’, mas as suas fugazes presenças, na palestra de abertura, e naquela monumental hossana de encerramento, é merecido. Pena que o senhor presidente não tenha aproveitado também o evento. A Cultura de massas, começa sempre pela Cultura mais massuda. Existem sempre um momento para tudo. E tudo na Póvoa, todo o tipo de eventos, culturais, artísticos, desportivos, religiosos, populares, fazem parte de um todo, têm um único objectivo…

E o objectivo do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, é uma mais valia, com retorno nas mais diversas vertentes. Com um público distinto, mas já cada vez mais diverso e diversificado, distante do das suas origens, que alguns parecem desconhecer, ou pretendem ignorar. Este Festival apareceu, patrocinado pelo Casino da Póvoa, então sob o controlo daquela empresa poveira, sonho de poveiros, morta por poveiros, a Sopete: esta era uma proposta e aposta com muito de qualidade e horizonte longo e promissor. Trinta e oito (38) anos depois, como testemunhava o director do Festival, Professor João Marques, um resistente resiliente, no texto de introdução ao Programa, um generoso acervo de informação que foi distribuído publicamente, “O Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV) é um dos mais acarinhados e vetustos festivais de Verão portugueses”. Presentemente cabe à Associação Pró-Musica da Póvoa de Varzim, a responsabilidade de ‘dar a cara’, e alguns dos seus dirigentes o trabalho, em levar por diante a tarefa de transformar obstáculos em oportunidades. Para eles, também o agradecimento devido, pois por certo os cerca de quinze minutos de efusivas palmas com que encerrou o Festival, umas quantas também à Associação eram dirigidas. Até para o ano.

PS: – Quando era suposto valorizar o investimento feito no (Castelo), na Fortaleza, agora que está concessionada, parece que a animação a que o concessionário se dispõem, atraindo e dando vida ao espaço, já provoca engulhos. Numa cidade que tem no turismo um dos seus mais ‘vendáveis’ produtos na competitividade, a música só é boa, se for distante. Deitar cedo, e cedo erguer… é bonito, mas não dá aquilo com que se compram melões. E os melões na Póvoa, são mesmo de cabeçudo.

Agora é a música da Fortaleza, ontem foram as touradas, o tiros no Clube de Tiro que S. Pedro de Rates, que só trouxeram à Póvoa cerca de seiscentos atiradores, familias e acompanhantes. Não tarda, vamos ter as ‘boas gentes poveiras’ contra o Concurso Miss Póvoa. Como estupidez tem hora, e essa hora já passou, aqui fica o aviso para acertarem o relógio. Estão fora do tempo.