Por vezes os obstáculos também podem ser oportunidades. É o que pensam muitos artistas que, vendo-se privados das grandes arenas por causa da pandemia, se viraram de corpo e alma para as plataformas digitais. É o caso do poveiro Álvaro Maio.
Já protagonizou uma mão cheia de atuações via facebook, sempre a partir das 22h para “ir criando o hábito”, diz-nos. O último sábado foi o ponto mais alto até ao momento, ao promover uma tertúlia com vários convidados amigos, não só da região mas também de múltiplos pontos do país, de norte a sul. Duas horas em direto, numa sessão onde houve música e poesia.
Foram cerca de duas dezenas de pessoas a participar e mais 1500 em casa a assistir. “Curiosamente, foi a maior tertúlia onde já participei. E deve ter sido uma das maiores do país.”, adianta Álvaro Maio. Resultou tão bem que em termos futuros a ideia é manter as transmissões deste tipo de performances via internet, embora com outros meios técnicos mais avançados. “Não estava à espera que assumisse esta dimensão”, confessa.
Estas sessões de sábado são “para manter” enquanto o isolamento social perdurar, sendo que durante a semana haverá outras atuações, com Álvaro Maio a interpretar algumas cantigas. “É uma forma de mitigarmos nós também esta falta de convívio cara a cara”, lembra. “Mesmo sem presença física, consigo criar um clima de empatia com o público. É algo que já vem do meu passado de rádio”, sustenta. “E as pessoas também me parecem mais predispostas a estas iniciativas. Há muita gente disponível para nos ouvir que, se calhar noutro contexto ou noutro formato, seria muito difícil. E esta solução permite facilmente juntar artistas de diferentes pontos do país”.