Em Vila do conde, Caxinas e Póvoa de Varzim reside a maior comunidade piscatória do país, destas localidades vão para a faina da pesca armadores e tripulantes da maior parte da frota nacional de embarcações de pesca.
A enraizada tradição piscatória é também fonte de rendimento para inúmeras famílias, não só dos que vivem diretamente da pesca mas também de todas as atividades inerentes, tais como, comerciantes da segunda venda de pescado, fornecedores de aprestos, estaleiros, mecânicos navais, entre outras e que fazem disparar os números de atores no setor.
A importância da pesca na nossa localidade reflete-se também na sua capacidade de ser um motor impulsionador do comércio local, pois estes trabalhadores investem os seus rendimentos nas lojas de proximidade, por exemplo, nas Caxinas é possível verificar os inúmeros estabelecimentos comerciais que ali exercem a sua atividade, notando-se maior afluência aquando os pescadores têm uma boa pescaria e o inverso quando há mau tempo e não podem sair para o mar, há uma indissociável relação entre os proventos da pesca e o volume de vendas do comercio local, com a grande parte da clientela direta ou indiretamente ligada ao mar.
Quando dizem que a receita do mar representa cerca de 2% do PIB não estão de forma alguma a ser justo para com os pescadores, em virtude de não ser contabilizadas todas as transações que deles advém, nem contabilizados todas as indústrias a montante do setor, indústrias como as cordoarias e inúmeras fábricas de produção e comercialização de artes de pesca o que fará, e não tenho dúvidas, disparar a percentagem do setor em relação ao PIB e assumindo este uma maior relevância.
A pesca não é só importante na cadeia de abastecimento alimentar, como gera rendimentos a famílias que investem principalmente no comércio local, e se a pesca parar, grande parte dos negócios a nível local serão também afetados, o comércio local é o combustível da economia, já que as micro e pequenas empresas são responsáveis por mais da metade dos empregos em Portugal.
Recentemente, o Governo criou o projeto “alimenta quem o alimenta” precisamente para incentivar o consumo do que é nosso e para ajudarmos o nosso país a voltar à normalidade o mais rapidamente possível. Contudo, é também necessário dinamizar o comércio de venda de proximidade, inovar no setor criando plataformas digitais de apoio a venda de peixe fresco e fomentar maior intervenção no mercado por parte das Organizações de Produtores.
No contexto atual assume primordial importância dotar estes trabalhadores de equipamentos de segurança para que possam desempenhar as suas funções com o mínimo de risco possível.
Há uma lição a reter desta pandemia: é preciso valorizar o que é nosso para ajudar na retoma económica.
Compre peixe do nosso mar e no comércio local!
César da Costa – Diretor da Associação Comercial e Industrial de Vila do Conde