Sabemos que atravessamos um dos mais dramáticos momentos para a humanidade do último século. Há que saber olhar para a História e perceber que em momentos semelhantes do passado (Pós – II Guerra Mundial ou Gripe Espanhola) o desporto, essencialmente o de competição, revelou ser um dos ponteiros orientadores da sociedade.
Os atletas que são referências nacio-nais, tornam-se exemplos pelo espírito de sacrífico, pela capacidade de lidar com a adversidade e decidir mais rápido perante o risco e sob pressão, por serem resilientes, pela força de vontade, persistência, empenho, foco e determinação, que demonstram no decorrer da sua carreira.
Apercebemo-nos disto, quando observarmos com atenção para o fenómeno “Giro d’Itália” no nosso país. Os ciclistas, João Almeida e Ruben Guerreiro, foram protagonistas diários nos nossos meios de comunicação social e conseguiram captar a atenção de toda uma nação para um desporto que outrora já conhecia ciclistas portugueses de topo mundial, mas sem nunca ter a merecida visibilidade. Curiosamente isto aconteceu naquela que parece ser a fase mais difícil da pandemia no nosso país. Olhamos para os feitos dos nossos desportistas pelo mundo com mais orgulho, porque nos tempos que correm é, aparentemente, mais difí-cil conquistá-los e estas conquistas acabam por representar a bravura de uma nação, do povo lusitano.
Se 2020 está a ser dramático devido à crise sanitária com que nos deparamos tam-bém está a ser glorioso em termos desporti-vos, e importa que isto não seja desvalorizado. Numa altura em que o desporto competitivo começa a regressar e estando certo de que as competições e os resultados representam um fator motivacional para a sociedade, é imperioso que não sejamos seletivos na escolha dos desportos que merecem assistência. Pois se o desporto precisa de público, o público precisa do desporto de competição para uma visão mais ótimista do futuro.
Henrique Ferreira