APROLEP apela supermercados a subirem o preço do leite aos produtores

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A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) desafiou nesta segunda-feira as cadeias de supermercados a atualizarem o preço do leite ao produtor “de forma imediata”, de maneira a que este atinja um valor médio de 50 cêntimos por quilograma de leite.

O apelo surge em forma de comunicado, após a marca Pingo Doce tem feito uma atualização de 8 cêntimos por kg de leite, “o que lhes permitirá [aos produtores] receber um valor superior a 50 cêntimos por kg”.

Segundo a APROLEP, “a produção de leite em Portugal continua sob enorme pressão, face aos elevados custos dos fatores de produção (eletricidade, gasóleo, adubos e rações) e a uma previsível baixa na produção de forragem, nomeadamente milho silagem, devido à seca e onda de calor, que poderá ser em alguns casos 50% face ao ano passado”.

Apesar da expetativa de que “a abertura do mercado de cereais da Ucrânia baixasse os preços das rações”, a seca veio alterar os planos e “as produções serão inferiores e as várias matérias-primas usadas nas rações mantém-se com preços elevados”.

Neste contexto, os produtores de leite portugueses “receberam em junho um preço médio de 38,2 cêntimos por kg de leite produzido. Foi, uma vez mais, o pior preço da Europa, mas foi também a maior diferença de sempre (11,2 cêntimos) para o preço médio comunitário”, diz a APROLEP.

Em setembro, deverá registar-se um aumento de 3 cêntimos, mas os produtores de leite consideram isto insuficiente. “A atualização do preço do leite em Portugal, nos últimos anos, veio sempre tarde, abaixo dos custos de produção, abaixo do mercado europeu e sempre em reação ao aumento do preço de outros compradores ou à procura de compradores espanhóis”, referem.

“Numa altura de crise não devemos deixar que um alimento essencial e completo como o leite falte nas prateleiras ou seja substituído por leite importado a preços incomportáveis, tal como acontece neste momento no Brasil onde os consumidores estão a pagar o leite mais caro do que a gasolina”, termina a APROLEP.