Em março deste ano, os produtores de leite portugueses receberam, em média, 29,9 cêntimos por kg de leite, “o pior preço entre todos os países da União Europeia”. É assim que começa a carta aberta dirigida ao governo pela APROLEP – Associação dos Produtores de Leite de Portugal, que têm forte presença na região de Póvoa de Varzim e Vila do Conde. “São cinco cêntimos abaixo da média comunitária, um preço que estrangula os produtores portugueses e nos deve envergonhar a todos”, lamentam.
Nos últimos meses, as matérias-primas para o fabrico das rações das vacas subiram exponencialmente, sem perspetiva de descida a curto prazo. A APROLEP estima que só isso tenha provocado um aumento no custo de produção entre dois a três cêntimos por litro de leite.
“Isto é muito grave porque a margem dos produtores era já muito reduzida ou quase nula, tal como a APROLEP alertou ao longo dos últimos anos. Recebemos o mesmo preço há 20 anos e suportámos o aumento do custo da energia, da mão de obra e de todos os fatores de produção. Com o preço do leite congelado, estamos a presenciar atrasos de pagamentos, desânimo e revolta entre os nossos associados, cujas consequências não podemos antecipar”, lê-se na missiva.
Com esta “crise”, e perante “o silêncio” de governantes, industriais e empresas de distribuição, a APROLEP pede ao governo que trabalhe em conjunto com o setor leiteiro para “ultrapassar a miséria” do atual preço do leite nos Açores e em Portugal continental.