“As circunstâncias não deixam” ainda retomar as Festas da Senhora das Neves de Aver-o-Mar

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Em Aver-o-Mar, as festas de Nossa Senhora das Neves marcam o mês de agosto. No entanto, a pandemia obrigou ao cancelamento do evento no ano passado. Este ano, também “já está assente” que, “à partida, não vamos conseguir fazer a festa”. Quem o diz é Joaquim Mendes, à frente da Comissão de Festas há sete anos consecutivos. Ao MAIS/Semanário, explica o trabalho da comissão na freguesia.

A tradição da festa da Senhora das Neves já é muito antiga? Sim, desde que eu me lembro. Eu tenho mais de 50 anos e lembro-me de haver sempre festa. No entanto, sei que houve uns anos em que a festa parou, quando houve uma situação conflituosa em Aver-o-Mar.

Como foi criada a Comissão? A Comissão de Festas é criada por um grupo de residentes de Aver-o-Mar que se juntam para fazer a festa. Há uns anos atrás, a Comissão de Festas durava 2 anos, e os elementos que faziam parte tentavam arranjar outros elementos para os substituir. Coisa que agora não acontece.

Está há quanto tempo à frente da comissão? Seguidos, estou há 7 anos. Já fiz parte duas vezes. Já fiz em 95-96, salvo erro, e 2006-2007, também. Agora estou desde 2014. Felizmente ou infelizmente, já muita coisa me passou pelas mãos.

No ano passado, tiveram de parar? Infelizmente. O grupo estava motivado para trabalhar, inclusive já tínhamos o programa na rua quando nos foi dada a ordem de parar. Não tivemos mesmo hipótese de fazer a festa, e este ano vai pelo mesmo caminho. Mas este ano já estávamos mais preparados, não tínhamos programa ainda. Se realmente tivéssemos ordem, fazíamos o programa mais modesto, mas fazíamos. Só que não quisemos antecipar, não quisemos fazer como no ano passado. Mas no ano passado ninguém estava à espera que levasse os contornos que levou.

Este ano, a festa vai ter o mesmo destino que o ano passado?

Já está assumido. Infelizmente, essa parte já está assente. As condições são muito restritas e não temos condições. Achamos que não há condições para meter um segurança ou polícia ao pé de cada cidadão, para manter o distanciamento social assim como a DGS nos obriga. Não conseguimos fazer a festa. Já sabemos que a população, nessas alturas, vai-se encostar, vai-se aglomerar, e a DGS não permite isso. À partida, não vamos conseguir fazer a festa.

Quais são as suas expetativas para o futuro? Muito negras, muito complicadas, por várias razões. Uma delas é que os elementos da comissão cada vez mais são escassos. Temos imensa dificuldade em arranjar elementos para a comissão de festas. Cada ano, e já estou há 6 ou 7 anos na Comissão, tenho que arranjar mais 2 ou 3 para substituir aqueles que, entretanto, vão saindo. Eu não vejo muita aderência por parte das pessoas para fazer parte de uma comissão de festas, porque sabem o trabalho que dá.

Por outro lado, também estou a ver muita dificuldade porque nós, a partir de agora, vamos entrar numa crise económica, de certeza absoluta. As pessoas que estiveram tanto tempo em casa não têm dinheiro para dar a este tipo de instituições. Vai ser um bocadinho complicado de angariar fundos.

Há duas vertentes: a falta de pessoal para a comissão de festa, de certeza que vai haver muita dificuldade, e a forma financeira. Estou convencido que quem dava vinte vai passar a dar cinco ou dez. Não é um bem de primeira necessidade fazer uma festa, também concordo com as pessoas. Mas nós vamos continuar a bater à porta.

Entrevista completa na edição em papel de 12 de maio. Foto arquivo.