José Andrade
Pelo andar da carruagem, tudo leva a crer que sim. As próximas eleições autárquicas na Póvoa, podem não passar de um baile de máscaras. Com debutantes, a solo, ou com par, as eleições autárquicas, para alguns agentes político/partidários, se não são uma coisa para dispensar, são, com certeza, um penoso sacrifício.
A pouco menos de um ano de eleições autárquicas, era suposto os partidos não sentados à borda do Orçamento camarário, a oposição, já ‘denunciarem’ os seus palpites e apostas.
Era suposto, mas pelo que publicamente se ‘supõem’, nada acontece. Ou acontece muito escondido, recatado, envergonhado. A medo.
Um medo, disfarçado, ainda que mais desavergonhado, é também o que se nota nos ‘ares’ que rodeia tudo aquilo em que Câmara Municipal e Juntas de Freguesia podem intervir. Politicamente, a oposição só não é morta, porque… não se pode matar o que pouca vida tem. E no entanto o baile continua. Salvam-se as aparências, iludem os desatentos, ‘mobilizam-se os crentes’.
Com o ar quente ou frio, consoante o micro-clima seja ou não favorável, é grande a azafama por parte do poder instalado, em tudo fazer para ganhar ou perder menos votos. É o seu papel, dirão. Certo. Tão certo como o ‘bom ambiente’ entre partidos que tem sido cultivado por Aires Pereira. Um mestre na arte de manobrar a ‘geringonça’ político/partidária poveira.
As eleições em Portugal, seja para a Casa Grande de S. Bento, Lisboa, do vilarejo ou da paróquia, de política e políticas, têm muito pouco. Pudera, para que existissem políticas e política, eram fundamentais e necessárias duas coisas:- a existência de políticos, e a evidência de convicção e ideias políticas, coisas que, convenhamos, nada tem a ver com quem necessita de um emprego, como de pão para a boca. Daí que as ideias políticas que daquelas cabecinhas brotam, e tresandam nas promessas eleitorais, mais não são que ‘conversa para boi-dormir’, ‘encher o olho’. Obras banais, elementares, ‘requalificações’ que não passam, a maioria das vezes, de desleixo na manutenção, coisas para enganar o pachorrento eleitor indígena, que não se preocupa tanto quanto custa, quanto desnecessária ela é.
Pela febre de inaugurações de tudo o que é rotunda, caminho de cabras, fontanário ou procissão, como nuvens no céu, tudo isto prenuncia campanha eleitoral. E não vá o diabo tecê-las, e os níveis de abstenção continuarem a espiral de subida, vá de fazer pela vida, ‘mostrando obra’. Tudo serve para todos. Claro que os mais empenhados políticos em curso, ou candidatos em percurso, não perdem uma missinha, um enterro, ou festa popular. Morre tudo, que a boca, em tempo eleitoral, não é esquisita, e a digestão do desemprego, é azia que não vai com sais de frutas de seriedade e honestidade, nem que seja intelectual. Exige-o a manutenção do emprego, desculpa-o a hipocrisia social. Não é bem o grau zero de democracia, mas são muitos graus abaixo do tolerável.
Dizem que o Poder Local é o patamar primeiro do poder em Democracia. Pelos rasto dos exemplos deixados nos últimos 25 anos, ou a madeira estava podre, ou os degraus ficaram uns bons centímetros acima da capacidade de subida das pernas logo no primeiro patamar. Mas venha lá o ‘folclore’ dos comícios, arruadas e passeios afins. O Povo gosta, nem que saiba à partida, que a cenoura com que lhe acenam, é podre, quando não de plástico, e de má qualidade.