Devotos celebram dia de São Gonçalo em Beiriz e ocupam todos lugares disponíveis da igreja paroquial

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Esta segunda-feira a igreja paroquial de Beiriz “foi pequena para os devotos” celebrarem o dia santo padroeiro da freguesia, explicou a Comissão de Festas que habitualmente organiza a festividade na freguesia poveira. Os paroquianos preencheram todos os lugares disponíveis, devido às restrições sanitárias.

Com a pandemia, as festas populares ficaram de novo adiadas a exemplo do que já tinha sucedido no ano passado, realizando-se uma missa em honra de São Gonçalo.

Depois da eucaristia, os membros da Comissão de Festas de São Gonçalo de Beiriz deslocaram-se ao cemitério para prestarem uma homenagem aos antigos membros da Comissão de Festas.

História do culto a São Gonçalo em Beiriz

Sobre o culto a São Gonçalo na freguesia de Beiriz Monsenhor Manuel Amorim escreveu um artigo intitulado “Duzentos e cinquenta anos da vida da freguesia de Santa Eulália de Beiriz”, publicado no Póvoa de Varzim Boletim Cultural vol. X, nº 1 (1971) do qual se transcreve o seguinte:

«Diz a tradição local  “que se venera nesta freguesia desde o séc. XVI, em cuja época grassava uma grande epidemia que devorava parte dos seus habitantes, os quais tendo já devoção com o Milagroso Santo, foram em peregrinação a Amarante, e lá se conservaram em oração até à extinção de tão grande flagelo”.

A história parece, neste caso, confirmar a tradição porque, na 2ª metade do séc. XVI (1569), o país foi assaltado por uma formidável peste, que no verão fez milhares de vítimas e por isso se chamou Peste grande.

A peste chegou ao norte no ano seguinte e o alarme entre as populações foi tal que algumas cidades quase se despovoaram. Seria nessa altura que os moradores de Beiriz se lembraram de recorrer ao eremita de Amarante, cuja devoção estava em voga. Continua a tradição local:”Tendo sido os seus rogos atendidos, voltaram novamente e trouxeram o retábulo do Milagroso Santo, sendo mais tarde adquirida a sua imagem erigindo-se um altar onde é venerado”

Em 1621 os devotos de S. Gonçalo já estavam organizados, em forma de confraria, e os mordomos tinham direito a receber as ofertas deles. (…) No século XVIII a festa de S. Gonçalo tinha aspeto de romaria minhota, com danças e profanidades. (…) Foi nesse século que os devotos reformaram o velho altar de S. Sebastião, colocando no camarim a imagem de S. Gonçalo que passou a dar o nome ao altar.»