Direção do CDP não divulga contrato com empresa angolana e diz ser dono do património

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Vários sócios do Desportivo da Póvoa, entre os quais Manuel Alberto Gonçalves, Mata Carvalho e Dimas Pinto, pediram à direção liderada por Caldeira Figueiredo para revelar o contrato e os aditamentos que foram assinados com a empresa angolana PEC, no âmbito do negócio de uma possível alienação dos terrenos do clube em troca da construção de equipamentos desportivos e de algum imobiliário a edificar nos terrenos do clube na zona norte da Póvoa de Varzim. O acordo entre o CDP e os angolanos ascendia aos 13,2 milhões de euros.

Os pedidos ocorreram durante a assembleia geral do CDP realizada na noite de quarta-feira, que levou cerca de 50 associados até ao pavilhão do clube, onde foram levantadas muitas dúvidas sobre a transação e das autorizações registadas em anteriores assembleias gerias. Na agenda da reunião extraordinária estava um único ponto na ordem de trabalhos: Discussão sobre enquadramento do CDP no Plano de Pormenor do E54, zona desportiva que envolve o estádio do Varzim, instalações do CDP e a Praça de Touros.

Pela direção, Caldeira Figueiredo e Rui Santos, presidente e vice-presidente, lembraram a “confidencialidade” do contrato, que segundo os mesmos está agora como anexo à ação movida em Tribunal pela PEC à Câmara Municipal, na qual a empresa pede 13.2 milhões de euros de indeminização por não conseguir avançar com o negócio.

Clube “dono do património”

Para a direção do CDP, o mais importante é que o clube “é dono do património”, o que levou o Rui Santos a exibir uma certidão atualizada, o qual também esclareceu que o clube passou para a empresa angolana os direitos adquiridos, porque “nunca quis mover uma ação contra a Câmara na ordem de vários milhões de euros, dado que a autarquia é um parceiro fundamental no desenvolvimento do projeto desportivo”, assegurou o vice-presidente.

Sobre o modelo de negócio e a sua sustentabilidade, Caldeira Figueira voltou a revelar a sua preocupação por não ter sido possível com este acordo com a empresa angolana “o clube ter resolvido os seus espaços desportivos e criado condições para a sua sustentabilidade, ao invés de continuar numa gestão sufocante”.

“De costas voltadas para a Câmara” referem vários associados

No final do encontro de sócios, Rui Coelho, presidente da Assembleia Geral em exercício, disse que a reunião serviu para esclarecer as dúvidas que existem no seio dos associados, mas ficou satisfeito pela “garantia dada que o património continua na posse do clube, o que acalmou os associados”. “Claro que temos pontos de vista diferentes, da direção e de bastantes associados, e o que se notou aqui é que grande parte dos associados acha a estratégia errada, o facto de a direção estar de costas voltadas para a Câmara. Neste momento é um assunto político dado que o plano de pormenor está ainda em discussão. Os partidos vão ainda votar e só depois o Desportivo poderá tomar decisões”.

Questionado pela presença de um ex-associado e que fez uma intervenção, no caso João Trocado, presidente do PS/Póvoa e candidato do partido à Câmara da Póvoa de Varzim, Rui Coelho desvalorizou a situação e referiu que quando se apercebeu da situação, as declarações não foram remetidas para a ata e que até a pessoa lhe pediu desculpa.

Na altura, João Trocado, ao pedir a palavra informou que era um ex-atleta e ex-associado do CDP, mas sublinhou que quis estar presente para fazer “uma avaliação do que está por detrás desta situação”, e acrescentou: “Não queria transformar isto em campanha eleitoral e este assunto será para ser debatido em Assembleia Municipal e de certa forma é extemporâneo tomar decisões, mas é importante saber a opinião do clube”, concluiu.