E se retomarmos alguns dos hábitos antigos?

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No Dia Mundial do Ambiente deste ano destacam-se as soluções para a poluição plástica. Trata-se de um dia em que nas últimas cinco décadas, a data cresceu de importância e se tornou uma das maiores plataformas globais para a sensibilização ambiental. Dezenas de milhões de pessoas participam juntamente com governos, empresas, cidades e organizações comunitárias.

Com vista ao combate da poluição do plástico em Portugal, a lei que proíbe o uso de sacos de plástico para pão, fruta e legumes deveria entrar em vigor a 1 de junho, mas o Governo preferiu avançar para a cobrança e diz que está a ultimar o diploma que prevê a alteração desta norma. Ou seja, implementar o princípio de poluidor – pagador em detrimento do princípio da prevenção. Será este o melhor princípio no contexto mundial atual?

Recordo-me de na minha infância quando se ia à padaria ao pão, levávamos um saco de pano, uns mais bonitos, com crochet, bordados e outros mais simples.

Se a Lei da proibição sempre entrasse em vigor poderíamos voltar ao passado e concluir que os antigos é que tinham razão. Não havia uma casa portuguesa que não tivesse um saco de pão em pano.

No entanto, a sociedade evoluiu, o padrão de consumo e de compra mudou e até o local de compra de certos alimentos mudou e o plástico está por todo o lado.

O consumo de plástico e de papel de uso único aumentou de forma exponencial nos últimos anos e hoje vemo-nos a braços com o resíduo provocado pelo simples saco de plástico que utilizamos nas compras diárias.

Se olharmos para os dados disponíveis, constata-se que em 2020 em toda a Europa consumiu-se cerca de 39 mil milhões de sacos de plástico de uso único, o que dá uma média de 87 sacos por pessoa. O português usa em média 17 sacos por ano (muito abaixo da média e do objetivo da UE para 2025), enquanto os Lituanos usam 254 e os belgas somente 10. Em 2025 a manter-se as produções atuais de resíduos plásticos, o planeta poderá atingir, mais de 600 milhões de toneladas de plástico produzidas anualmente.

Será útil esta alteração de trocar a medida da proibição de uso por mais uma taxa? Será que vamos mais uma vez adiar a resolução do problema que desde 2015 tentamos resolver com a aplicação de taxas que em algumas situações já se pagam?

Devemos sim, de uma vez por todas alterar comportamentos e usar soluções reutilizáveis e voltar a usar os sacos próprios não descartáveis. Só assim conseguiremos reduzir a quantidade de resíduos de sacos de plástico e poupar recursos e acima de tudo salvar o planeta.

Temos de entender que o problema não está na fonte, mas sim na forma como durante décadas, quase séculos, fomos educados a pensar a utilização dos produtos finais, nomeadamente no seu descarte. É um facto que à época da revolução industrial não havia ainda conhecimento científico suficiente como poderíamos prever qualquer impacte ambiental.

Nem o plástico nem o petróleo são os inimigos, mas sim a forma como lidamos com eles, e com outros recursos naturais, necessários à nossa continua sobrevivência e mesmo evolução.

Opinião de Patrícia Castro