José Alberto Postiga, escritor natural da Póvoa de Varzim, a residir na Suiça, e que esteve presente na edição do Correntes d’Escrita deste ano, tomou a iniciativa de realizar análises para saber se poderia estar infetado com o coronavírus.
O escritor, que no evento lançou o livro Fevereiros Doutrinários, deu conhecimento através da sua página no Facebook, os procedimentos efetuados e revela que o resultado das análise deu “NEGATIVO”, escreveu.
José Alberto Postiga explica que tomou a iniciativa em contactar os serviços de saúde após ter conhecimento “no passado domingo ter acordado com uma avalancha de preocupações de muitos amigos e família que tomaram conhecimento da notícia sobre a hospitalização do autor Luís Sepúlveda (com quem, com muito gosto, estive no festival literário Correntes D’Escritas entre 18 e 23 de Fevereiro), decidi seguir o protocolo do ministério da saúde em vigor aqui na Suíça referente ao Corona Vírus”, e adianta:
“Sem alarme, liguei à linha de apoio que me aconselhou a contactar o hospital da minha área de residência: o Kantonspital, em Sarnen, Obwalden. Assim fiz. Mandaram-me então dirigir ao hospital e estacionar o meu automóvel numa área exterior. Quando lá cheguei, seguindo o previamente combinado, avisei por telefone. Em menos de dois minutos apareceu um par de médicos devidamente protegidos. Antes do primeiro contacto entregaram-me uma máscara através da janela do carro e só depois começou o inquérito e subsequentemente rastreio, ali mesmo, longe do edifício central. Entre outros procedimentos introduziram-me por duas vezes na narina esquerda uma espécie de cateter (ou cotonete gigante) e recolheram as amostras necessárias para análise. Cumprido o processo, por prevenção, porque estava entre o sintomático e o assintomático, mandaram-me para casa submetido a isolamento; medida estendida à minha esposa e à minha filha mais nova, até que fosse revelado o resultado do exame que viria de um laboratório de Genebra onde é feita a contraprova”.
O escritor refere que “foram dois dias de alguma preocupação. Não me preocupava propriamente comigo, porque o único sintoma que sentia, e ainda sinto, resume-se a uma ligeira insuficiência respiratória. Preocupava-me com a família, com os amigos e conhecidos com quem contactei e privei nas últimas duas semanas. Preocupava-me com cada um que eu próprio ia identificando como sendo pertencente a um qualquer grupo de risco. Enfim… Telefonei para vários amigos que estiveram no festival no intuito de perceber se se encontravam bem de saúde, se tinham sintomas, etc, porque, com tanto alarido feito pela comunicação social, ouvi-los deixava-me mais tranquilo. Fui também bombardeado com mensagens, e-mails, telefonemas, que confessavam preocupações várias sobre o meu estado de saúde. Autênticas manifestações de amizade, amor, carinho… Muito obrigado.
Ontem, já o dia ia longo, chegou o resultado do meu exame: NEGATIVO”.
“Espero agora que todos os que estiveram em contacto com o escritor Luís Sepúlveda na grande festa do livro que é o Correntes D‘Escritas cumpram os cinco dias de quarentena que restam sem dissabores, e que juntos com o Sepúlveda vençamos mais este vírus”.
José Alberto Postiga termina o seu post com a seguinte citação: “Sabem, sinto que somos uma grande família, dentro e fora dos livros”.
Na foto, José Alberto Postiga no lançamento do seu livro.