A prática de cuidar de idosos consiste em ajudar na realização de atividades diárias e instrumentais, na resolução de problemas de natureza emocional, na supervisão de cuidados prestados por terceiros e na demonstração de compreensão com as preocupações que este possa ter. Daí a atenção que devemos dar aos cuidadores formais que exercem funções em lares de terceira idade, centros de dia e serviço de apoio domiciliário.
Os desafios vivenciados pelos cuidadores formais de idosos são múltiplos, tendo em conta que as exigências assistenciais são permanentes, reiteradas, crescentes e variadas. No âmbito dos cuidadores formais de idosos, importa de abordar o fenómeno da fadiga por compaixão nestes profissionais, porque esta está frequentemente associada a profissões relacionadas ao cuidado do sofrimento dos outros.
A fadiga por compaixão é uma forma de stress traumático secundário prolongado, que resulta do conhecimento de um evento traumatizante vivido por um outro significativo, uma vez que o stress advém do auxílio ou da vontade de querer ajudar alguém em sofrimento ou doente.
Lares de terceira idade, centros de dia e serviços de apoio domiciliário são ambientes de trabalho marcados por características de envolvimento contínuo com utentes e de vivência constante com o sofrimento do outro, tornando-se ambientes propícios para o desenvolvimento de fadiga por compaixão. Tal deve-se ao facto dos cuidadores formais estarem em contacto próximo dos utentes dependentes, acompanharem o sofrimento, a dor física e psíquica, a expectativa de melhoria ou o declínio do estado de saúde, além de terem a responsabilidade de lidar com a família dos utentes, que nem sempre aceita a doença, o tratamento e a possível perda do ente querido. Assim, estes profissionais têm tendência a desenvolver sintomas psicopatológicos associados, nomeadamente sintomatologia depressiva e sintomatologia ansiosa.
Estes dados consubstanciam um alerta a nível social e comunitário: devemos cuidar de quem cuida dos nossos!
Artigo escrito por Rita Silva, Psicóloga da Associação de Solidariedade Social de Santa Cristina de Malta (SANCRIS).