Junho – mês de festas

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Aí está o mês mais desejado deste povo português. O mês de junho, mês das festas e dos feriados, o mês da folia e dos foliões, das romarias e procissões, dos festivais para todos os gostos. Junho, é aproveitado pelo povo para dar largas à sua forma de se tornar rapioqueiro mais do que nunca. Há quem classifique este período que o calendário aponta para 30 dias como o mês dos Santos Populares. Porque tem como principais “culpados” Santo António, S. João e S. Pedro. Mas não é só este trio santeiro que leva o povo a divertir-se, a exteriorizar toda a sua satisfação. Por este Portugal fora, não faltam recantos, dos mais recatados aos mais movimentados, que não tenham a sua festa, seja em honra dos seus padroeiros, ou de outros santos da corte celestial. Tudo com um misto de devoção e de folia. Sempre com a Igreja Católica a servir de base, deem as voltas que se der. Porque as festas são do povo, mais ou menos anónimo, não escolhendo credos, religiões, idades e sexos. E este ano com motivos para as doses festivas se alargarem, porque o povo está livre (para já), das pandemias que o aferrolharam, obrigando-o a manter-se fora do convívio que tanto jeito faz quando envolvido do verdadeiro sentimento humano.

A tradição aponta para que a base das chamadas Festa dos Santos Populares se centralize nas duas principais cidades deste país de bravos marinheiros e descobridores. A capital lisboeta com o seu Santo António (pois este taumaturgo até teve o seu berço junto ao Tejo); a tripeira capital do Norte serve de alicerce para que os seus principais festejos sejam dedicados ao São João, assim como a bracarense capital minhota, e também aqui ao lado junto à foz do Ave, embora de menor escala.

Faltava a cidade poveira puxar a brasa para a sua sardinha, criando um dia especial para festejar São Pedro, até porque este santo apóstolo tem o seu nome ligado às pescas, o que se enquadra bem nesta zona piscatória. Daí que fosse criado o Feriado Concelhio de 29 de junho, alargando para as gentes poveiras o rol de feriados juninos. E alargando também os motivos de fazer festas. E que festas, Santo Deus!… Aqui, “o povo é que mais ordena”. Desde a folia que empresta à animação, ao trabalho desenvolvido para que o bairrismo se suplante nas organizações dos festejos, esquecendo-se do trabalho que dão, a não ser quando terminada toda a faina. O exemplo dado anualmente pelos três bairros da cidade (que nesta altura do ano saem do casulo eclesiástico para ser tomado pelo povo), pode até servir de lição para outras gentes, outras terras. Muito trabalho, muitas canseiras, muita despesa também, não servem de barreiras intransponíveis para os poveiros baixarem os braços e diminuírem o seu brio bairrista. O retrato está nas cores que se espalham pela cidade, e não só, até se espalham pela cidade vizinha, numa demonstração das origens dos seus moradores, principalmente na classe piscatória. O Norte com o seu amarelo e azul (como as opas da confraria de S José ereta na sua Igreja), assim como o Sul (de verde e branco vestido, tal como as opas da Real Irmandade da Senhora da Assunção, Padroeira da Igreja da Lapa), mostram à evidência que são os bairros mais representativos entre os poveiros, até porque não têm concorrência como a Matriz (vestida de vermelho, como as opas da Confraria do SS Sacramento que se agrupa na vetusta igreja) que por ser o bairro-mãe e o mais tradicional, estende os seus braços para outras direções, dividindo o bairrismo pela Mariadeira, Belém e Regufe.

É a força deste povo que torna bem forte as Festas de São Pedro. Com a força autárquica a servir de forte alicerce, não só financeiro como logístico, que também tem os seus custos. O 29 de Junho está aí à porta. À espera das rusgas, da procissão, dos desfiles mais ou menos etnográficos, dos comes e bebes onde a sardinha é rainha, dos festivais, do fogo de artifício, de tudo quanto possa tornar cada vez mais grandiosas as Festas da Cidade, que costumam atrair milhares de pessoas não só da Póvoa e seu concelho, como de paragens mais longínquas. Até porque tudo se conjuga para que este ano seja… de arromba, servindo como cano de escape para que a alegria popular deixe de ficar tolhida como aconteceu recentemente no indesejável tempo de triste memória.

Feliz São Pedro é o que mais se deseja para termo do mês de junho, o mês das festas populares. Opinião Luís Leal – ‘O Meu Cantinho’