O executivo municipal de Vila do Conde tem vindo a realizar a iniciativa «Câmara Fora de Portas». No passado dia 28 a sessão foi dedicada à freguesia de Vila do Conde, mas a Junta diz que não lhe foi solicitado qualquer parecer.
“Não houve nenhum contacto prévio por parte da senhora presidente da Câmara Municipal, nem para comunicação da iniciativa, nem para acertar detalhes referentes à mesma. Não houve partilha do que quer que fosse, limitámo-nos a receber o que o gabinete de comunicação camarário entendeu transmitir-nos, de um modo completamente unilateral”, lamenta Isaac Braga, presidente da Junta, em comunicado esta quinta-feira. “A Câmara agiu como se a Junta fosse um parceiro menor nas políticas e decisões que são tomadas nesta freguesia, o que consideramos verdadeiramente lamentável”.
Isaac Braga acrescenta: “Sem que mais uma vez fôssemos consultados, a Câmara decidiu transitar a reunião final desta iniciativa para o salão nobre do Teatro Municipal, ao invés de a realizar, com as respetivas adequações sanitárias, no salão nobre da Junta de Freguesia de Vila do Conde. Isto é verdadeiramente incompreensível, uma vez que, sem consulta prévia, não só desvaloriza a sede da freguesia, como também não segue o exemplo do senhor presidente da Assembleia Municipal, que, para além de eleitos e funcionários, apenas permitiu que, na sessão da passada segunda-feira, participassem 10 pessoas do público, numa sala grande com lotação de cerca de 550 lugares”, refere, lembrando que “o salão nobre do Teatro tem área muito mais reduzida”.
De uma forma “lamentável”, conclui, “a propaganda e a demagogia, que são notórias nesta iniciativa da Câmara Municipal, tomaram o lugar que deveria a estar a ser ocupado por uma saudável e respeitosa parceria institucional”.
Em face disso, “não nos restou outra saída do que vermo-nos forçados a denunciar o que não corresponde à verdade e aquilo com que não concordamos. E, em conformidade, a Junta de Freguesia de Vila do Conde tomou a decisão de não participar na reunião do âmbito da ação Câmara Fora de Portas, marcada para o salão nobre do Teatro Municipal”.
Articulado com as Juntas de Freguesia “já no mês de março”, responde Câmara
Por sua vez, a Câmara de Vila do Conde lembrou que, atendendo à situação pandémica que vivemos e aos cuidados que a mesma implica, esta é uma iniciativa que a Câmara Municipal “articulou com as Juntas de Freguesia já no mês de março, momento em que deu conta da sua realização e da necessidade de as reuniões públicas, habitualmente realizadas nas Juntas de Freguesia, se realizarem noutros espaços”, lê-se na nota da edilidade.
“Sublinha-se, assim, a inexplicável ausência do executivo da Junta de Freguesia de Vila do Conde nesta reunião cujo único propósito era dar conta do trabalho desenvolvido”.
Junta “ostracizada e desprezada”
Entretanto, a Junta refere que teve acesso a um panfleto “distribuído porta a porta, no qual a Câmara refere que considera as freguesias um parceiro fundamental. Acontece que o modo como tem agido em relação à Junta a que presido tem estado muito distante do que está escrito”.
A Junta de Freguesia não só tem sido “ostracizada” em todas as decisões camarárias tomadas na sua área geográfica, como também é “desprezada”, à imagem do que aconteceu na “falta de convite” para participar nas apresentações das requalificações do Bairro do Farol e do Mercado das Caxinas, bem como “por termos sido a única Junta de Freguesia excluída na atribuição de subsídios específicos para apoiar as populações no duro combate contra a pandemia”.
Ainda no âmbito do panfleto, são nele referidas visitas de trabalho que aconteceram ao longo dos últimos quatro anos. “Falso novamente!”, observa Isaac Braga.
Refira-se que Câmara e Junta de Vila do Conde têm maioria eleita pela NAU, mas o ano passado Isaac Braga demarcou-se desse movimento, dizendo que se “apresentou como inovador, mas que se esgotou rapidamente”.
Foto CMVC da sessão