Lançar contas à vida

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Depois do habitual período de férias (nem sempre para todos), está à vista nova temporada futebolística, com os preparativos das equipas para as campanhas oficiais. Como é normal, a azáfama é sempre dura, não só para os dirigentes como também para os agora denominados agentes que pouco são mais do que “negociantes” no chamado “tráfico humano” com jogadores de futebol. Milhões que rodam por todos os lados, não faltando créditos bancários a movimentarem um mundo de interesses financeiros. Mas foi sempre assim e cada vez mais serão os milhões a aumentar, seja qual for a moeda envolvida. Neste caso, como praticamente tudo na vida, quem pode, pode, e quem não pode… arreia, como diz a razão do povo. Quantas vezes com dinheiros que, ultrapassadas as posses, acabam por originar falências e outras coisas infeciosas. Mas, siga a rusga, e lá se caminha para os sonhos quantas vezes desfeitos.

Cá pela Póvoa alimentam-se sempre os sonhos dourados para as carreiras do “seu Varzim”. Para já, ou seja, para esta nova temporada, o objetivo é formar um plantel que dê esperanças para se obter o primeiro desejo: procurar, no decorrer da Liga 3, dar o salto para o regresso às competições profissionais. Uma missão bastante difícil, como é normal, mas desta vez mais dura a avaliar pelo valor da concorrência onde não faltam vários assumidos candidatos aos lugares de honra – os mais desejados.

O plantel continua às ordens do técnico Vitor Paneira, a merecer a continuidade no lugar que tanto soube conquistar no final da época passada, para bem de uma carreira da equipa varzinista que teve de sofrer até ao último suspiro para se manter no terceiro Campeonato maior das competições nacionais portuguesas. Em relação ao plantel dessa época, houve necessidade de fazer substanciais alterações. Era constituído por 25 jogadores na ponta final e para já o número vai em 23, entre os 12 que se mantiveram (incluindo os três guarda-rede e um júnior). É desejo fechar a conta com mais uma “cara nova” que a todo o momento será a última novidade, segundo está prometido pelas altas esferas. Portanto, registaram-se 10 reforços, incluindo um jogador transitado da equipa B. Os restantes são procedentes de várias origens: Amora (2), Oliveirense (Vitor Pimenta no regresso às origens), Fafe (depois de cumprido o empréstimo de Álvaro Milhazes), Trofense, São João de Ver, Paredes, Torreense e Londrina (Brasil). As nacionalidades desses jogadores não são tão avultadas como anteriormente: 17 portugueses, 3 colombianos, 2 brasileiros, outros 2 nigerianos e um guineense. Falta saber a origem de quem está na calha para ingressar na equipa varzinista.

Quanto aos trabalhos da preparação técnica (e tática) para a nova temporada, têm seguido da melhor forma, sempre com o Estádio Municipal a servir praticamente como academia, já que se torna utilizado diariamente com duas doses de treinos, até servindo de “restaurante” entre as sessões da tarde e de manhã, sempre com o apoio logístico de uma empresa de hotelaria poveira. Não tem faltado, praticamente todos os dias, a presença de elementos dos staffs técnico e diretivo, no sentido de ser dada uma ajuda aos trabalhos da preparação de todo o plantel, incluindo a equipa B que, quase em simultâneo, tem feito a preparação em relvados diferentes. Para já as duas equipas mediram forças num jogo-treino realizado na manhã de sábado, com o acompanhamento de grande número de apoiantes nas bancadas, em número a rondar as três centenas, o que serviu não só para mostrar a força varzinista, mas principalmente transmitindo uma forte dose de apoio que deve servir de “amostra” para o que virá quando o futebol for “a doer”. Nesse primeiro jogo-treino da equipa do Varzim, uma das várias notas do seu valor foi o número elevado de golos apontados, que pode ser um bom sintoma para que se atire para trás das costas a adversidade da falta de golos tão evidente que marcou, pela negativa, a carreira aflitiva que os varzinistas tiveram de aguentar na época passada. Frente à equipa B, segundo dados estatísticos dos meios de informação do clube, foram apontados 8 golos, com João Areias (que tinha renovado contrato) e Onyekachi Sillas (transferido do Paredes) a serem os senhores de melhor quinhão com um bis; Gonçalo Pimenta, Saná, Bonilla e Xandão (o central que até agora foi a mais recente aquisição), encarregaram-se em aumentar o número de golos. É certo que a fragilidade da equipa B contribuiu um pouco, até porque tem utilizado com frequência nos treinos o piso sintético do Estádio Municipal. Mas já pode querer dizer alguma coisa essa veia finalizadora dos comandados de Vitor Paneira.

Foto: Varzim SC

Agora segue-se o trabalho delineado a tempo e horas. Com jogos-treinos frente a equipas de vários sabores, sempre na emprestada casa municipal, graças ao precioso apoio do município poveiro: com o Gil Vicente (I Liga), no dia 11 (já realizado), Moreirense (I Liga) no sábado, 15, e Académica (Liga 3), quarta-feira, 19. Vêm depois os testes mais duros de roer, no Torneio de Verão que esta época ressuscitou das cinzas e decorrerá no Estádio do Varzim ao abrir as portas aos assistentes: no dia 23 deste mês (17 horas) frente ao Benfica (possivelmente equipa-mista de jogadores profissionais do clube da Luz), e a seguir (20,15 horas), defrontam-se Vitória de Guimarães, da I Liga, e Tondela, da II Liga; no dia seguinte, domingo, enquanto que para as 17 horas está agendado o jogo para os 3.º e 4.º lugares entre os derrotados do dia anterior, os dois vencedores discutem a posse do trofeu destinado a quem tiver esse direito num jogo apontado para as 20,15 horas. Entretanto, enquanto não chegar o dia 6 de Agosto, com o início da Liga 3, é aguardado o respetivo sorteio de jogos, com o Varzim a ter de medir forças para conquistar, na primeira prestação da prova, um dos primeiros 4 lugares da zona norte que darão direito à entrada na segunda e decisiva fase de acesso à Liga 2, grande ambição (para já) dos varzinistas. Segundo dados geográficos da competição, o Varzim terá de defrontar o Vianense (Viana do Castelo), Braga B, Fafe (Braga), Canelas, Felgueiras, Trofense (Porto), Anadia, Lourosa e Sanjoanense (Aveiro). Todos pertencentes à zona norte.

Agora, resta lançar contas à vida, manter a esperança na concretização dos anseios e esperar pelo que de bom se deseja para este Varzim que tem o condão de aglutinar uma massa adepta de grande porte, como sempre tem demonstrado e ficou bem vincado na época passada, embora sem o prémio merecido e tão sofrido em que esteve envolvido.

Opinião Luís Leal – ‘O Meu Cantinho’