Leicar mantém mercado de Gado apesar do parecer negativo da Direção Geral de Saúde

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A Leicar, instalada na vila de S. Pedro de Rates, na Póvoa de Varzim, tem prevista para segunda-feira a realização do mercado de Gado, que habitualmente atrai centenas de pessoas, entre as quais muitos espanhóis, país onde a pandemia Covid-19 está muito alastrada e que nas últimas 24 horas registou a morte de 838 pessoas, elevando para mais de 6.500 mortos naquele país.  

“O mercado de Gado contraria as orientações aplicáveis na atual situação de estado de emergência, como constitui um ajuntamento de pessoas e de animais vivos provenientes de diversas localidades nacionais e de fora do país, colocando em risco a Saúde Pública, dada a potencial propagação da pandemia COVID-19”, refere o documento do Delegado de Saúde da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, que o MAIS/Semanário teve acesso, nota que indica o “parecer negativo” à realização do evento.

Igualmente, o delegado de Saúde aponta os riscos sérios na realização do mercado de Gado, dado que a Direção Geral de Alimentação e Veterinária informou que “não aprovava o evento e que, se fosse realizado, não enviaria técnicos para vigilância sanitária”.

Dirigente da Leicar “não sabe a quem obedecer”

Contactado pelo MAIS/Semanário, Rui Sousa, administrador da Leicar, adiantou às 13h10 deste domingo que “enquanto dirigente e agricultor não sei o que vou fazer, dado que o ministério da Agricultura autorizou desde seja trabalhada a cadeia alimentar e dentro de um plano de contingência prevista, mas ao contrário recebi um email da Câmara Municipal a não autorizar a realização do mercado”, e reforçou “não sei a quem obedecer”.

O dirigente afirma que a Leicar e a Leite do Campo “tem um plano interno de contingência desde a passada segunda-feira, apontando que a empresa está “ainda a viver uma situação económica difícil de situações anteriores e sem o mercado de gado e sem atividade não sei como vou pagar salários”.

Rui Sousa, refere que em caso de realização do mercado de Gado, “no máximo vão estar 50 pessoas num espaço de 3 mil metros quadrados e que de Espanha no limite devem estar presentes 5 pessoas, devendo estar muito menos animais que o habitual”.

O responsável da Leicar frisou que esta semana os preços ao produtor começaram a descer e “que coloca em causa a sustentabilidade dos agricultores”.

Câmara da Póvoa está contra a realização do mercado

Em comunicado, Aires Pereira, presidente da Câmara da Póvoa, manifestou-se contra a realização do mercado de Gado que já não se realiza há várias semanas e vincou que “o Município da Póvoa de Varzim é frontalmente contra a realização deste evento, pelo bem da população e da saúde pública” e apelou “que, se for o caso, enquanto possíveis participantes, não o façam, por vocês e por quem vos é mais próximo. Temos reunindo todos os esforços para conter o número de casos na Póvoa de Varzim, e é assim que queremos continuar”.