Médico poveiro em conversa no Rotary para uma “viagem de helicóptero” pelo estado da saúde (fotogaleria)

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O Rotary Club Póvoa de Varzim promoveu uma conversa sobre “o Estado da Saúde” ministrada pelo orador doutor Franklim Ramos, poveiro que é presidente do Concelho de Administração da Unidade Local do Alto Minho, em Viana do Castelo. Afonso Pinhão Ferreira, seu amigo “antigo” e colega de faculdade, apresentou o médico e revelou um curriculum vitae dito “de respeito”.

Licenciado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em 1981, Franklim Ramos exerceu um vasto leque de cargos na área da medicina.


Na conferência proferida a 1 de julho, Franklim Ramos caracterizou o estado da Saúde como “uma viagem de helicóptero”, isto é, uma visão macro do Sistema Nacional de Saúde em Portugal, no sentido de desmistificar alguns dados que têm vindo a ser divulgados pela comunicação social e que muitas vezes ocorrem em “desinformação”; nas suas palavras “os dados estão para nós como está um candeeiro para um bêbado, um candeeiro para um bêbado não serve para o iluminar, serve para o apoiar; os dados também servem para nos apoiar nas decisões e não para tirar ilações”.

Numa abordagem sucinta, tocou pontos como a evolução das consultas dos cuidados primários – em 2019 fizeram-se 22 milhões de consultas nos cuidados de saúde primários naturalmente que em 2020 houve uma quebra neste registo devido à pandemia, passando para 14 milhões; não obstante esta realidade foi sendo colmatada com a difusão da teleconsulta, que de cerca de 9 milhões, se elevou para 14 milhões – destaca-se aqui um fenómeno que a pandemia trouxe de novo “fomos capazes de responder a uma situação nova, usando uma tecnologia de comunicação e isto é relevante porque se trata de inovação e temos que aprender a retirar partido desta ferramenta”.

Sobre um assunto com bastante ênfase na comunicação social, os programas de rastreio oncológico – nomeadamente do cancro da mama, do colocar do útero – caíram cerca de 2% comparado com anos anteriores, mas não tanto quanto se tenta dizer muitas vezes a nível de imprensa, isto é, não foi uma queda absoluta, mas sim mais uma vicissitude da pandemia.

A par disto, falou na redução da atividade do serviço de urgência, devido ao receio da população em contrair o vírus nos hospitais, recorrendo menos ao serviço de urgência.
Olhando para as consultas hospitalares realizadas, verificou-se que boa percentagem das mesmas foram referenciadas pelos cuidados de saúde primários, ao contrário daquilo que é muitas vezes publicado.

Relativamente às intervenções cirúrgicas relidas, tanto em regime ambulatório como em regime de internamento, houve uma quebra – não obstante um aumento do regime de ambulatório, que é, aliás, aquilo que se pretende no futuro, “é desejável que isso aconteça e está de acordo com o estado da arte”; verificou-se também o progressivo melhoramento dos serviços de triagem – ainda longe se serem ótimos.