Medidas? Quais medidas?

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O mais recente vírus da Covid-19 tem levado a que milhares e milhares de pessoas vejam as suas rotinas alteradas e deparamo-nos com o surgimento de um sem fim de interrogações.

Como prioridade, todos pretendemos

que este “pesadelo” passe rápido e que o flagelo da doença não ceife muitas vidas e não crie ainda mais mazelas nas nossas famílias e sociedade. Têm sido dias cinzentos os que estamos a vivenciar e difíceis de ultrapassar. Arrastam-se no tempo e tornam-se infinitamente insuportáveis. Dias que mais parecem semanas, semanas que mais parecem meses e um sentimento de impotências e de inconformismo, porque não vemos o inimigo e não sabemos como o atacar ou aniquilar.

Ouvimos, incessantemente, o conselho “fique em casa”, o que, genericamente, temos cumprido, mas isso sabe-nos a pouco na obtenção de uma resposta para este problema.

Mas hoje o que me leva a escrever é um segundo receio. Será que do ponto de vista económico estamos a tomar as medidas certas para garantir o emprego, garantir o funcionamento das empresas e garantir uma sociedade a funcionar no pós Pandemia? Não me parece!

Temos de ser objetivos e muito frontais. O que se tem feito na comunicação social é publicitar um conjunto de medidas que tardam em sair e que tardam a ter efeito prático. Os empresários não estão a ser ajudados, mas sim, a ficar endividados. Alguém pensou que o maior gerador de riqueza de um país são as empresas e os seus colaboradores? Como poderão existir bons colaboradores se as empresas dificilmente sobreviverão a esta doença?

Os “medicamentos” que estão a ser prescritos para esta doença que afeta profundamente a nossa economia são inexistentes e pouco objetivos. São muito periféricos e pouco incisivos no problema. O que as empresas queriam ouvir do governo, seria isenção de impostos (IVA, Seg. Social, IRS), isenção de encargos com os colaboradores, isenção de encargos fixos (luz, água, telefones, rendas). O que as empresas precisam é de uma proposta que os auxilie no momento mais severo e mais agressivo da economia mundial.

Não podemos permitir que os governantes nos tenham obrigado a fechar portas e não nos garantam apoios que vislumbrem a sobrevivência das nossas empresas.

O que estas medidas levarão rapidamente, é a um crescimento exponencial da taxa de desemprego, uma redução de consumo e a uma contração economia nunca antes vista. A Universidade Católica estima que poderemos retrair 10% da nossa riqueza nacional em 2020. Mas muito mais poderá acontecer se os decisores não conseguirem entender que as medidas anunciadas são parcas e ineficientes. Sinto que as medidas estão a ser tomadas de uma forma pouco organizada e estruturada. Veja-se o exemplo do layoff que já foi retificado quatro vezes e já saíram inúmeras versões.

O impacto do encerramento temporário das empresas e o receio de que se torne definitivo pela sua insustentabilidade financeira, exige um plano de intervenção firme, objetivo, realista e não se compadece com medidas avulso que são constantemente alteradas, potenciando o caos e o desespero nos empresários, já que está em causa a sustentabilidade financeira das suas empresas e a manutenção dos postos de trabalho. Não é admissível anunciar o adiamento do pagamento da Segurança Social no dia vinte de março, quando é precisamente esse o prazo limite de pagamento.

Acautelar o avolumar uma crise e querer resolvê-la é uma missão muito importante e requer um pensamento estratégico. Não queiramos pensar nesta crise somente do ponto de vista da poupança dos apoios. Pensemos do ponto de vista da missão nacional de defender o país e de proteger as pequenas e médias empresas que são o motor da economia local.

Como alternativa resta-nos pensar em novas formas de alavancarmos os nossos negócios.

Partilhar recursos, vender nas redes sociais, promover as entregas ao domicílio, mecanizar as empresas para prestarem outros serviços e serem moldadas às novas necessidades do mercado.

Em súmula, as medidas apresentadas são somente o início do muito que ainda será necessário apresentar, porque existe um velho hábito, que é “casa roubada, trancas à porta”. E neste momento, os governantes estão a tentar “empurrar com a barriga para a frente” as grandes medidas, esperando que cada um de nós, por sua própria conta e risco, resolva os seus problemas.

Votos de muita saúde a todos e força.

Juntos venceremos!

RICARDO SANTOS

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE VILA DO CONDE