A Melodiartes, Associação Musical Cultural de Rates, está em atividade há oito anos, através da gerência da Escola de Música e do Ciclo de Música Sacra. Manuela Craveiro Faria, a presidente da associação desde a sua fundação, explica a missão da entidade e os projetos futuros.
A Escola de Música Arnaldo Moreira (EMAM), em Rates, iniciou funções em 2008. A sua criação teve dois propósitos, diz Manuela Craveiro Faria: oferecer formação musical às crianças da freguesia e homenagear o antigo pároco e ratense Arnaldo Moreira, ele próprio ligado à música. A Escola “funcionava em instalações da junta de freguesia, que era a entidade responsável pela administração e pela saúde financeira” da instituição.
Contudo, cinco anos passados, viu-se necessário “que houvesse separação de ‘águas’, não obstante a continuidade do apoio da junta”, explica Manuela Faria. Por isso, a solução foi a fundação da Melodiartes, Associação Musical e Cultural de Rates, a 3 de março de 2013. Isto não significou, na altura, como afirma a presidente da associação, que a EMAM tivesse de mudar de sede, “mas antes a transparência administrativa”.
A oferta formativa da Escola é muito variada, e inclui desde aulas individuais de instrumento, como piano, violino, guitarra, acordeão, entre outros, até classes de conjunto e coro.
Na altura da criação da Associação, a EMAM contava com 24 alunos, “número que foi crescendo sempre”. E os números não enganam: Manuela expõe que, em outubro de 2014, ano e meio depois, o número tinha duplicado para 49 alunos. O crescimento manteve-se e, no seu pico, a Escola tinha mais de 50 inscritos.
No entanto, nos últimos anos, com a “saída da ‘primeira fornada’ de alunos, os mais velhos”, verificou-se um abrandar do crescimento. O ano letivo de 2019/2020, que terminou já em situação de pandemia, registou um total de 39 alunos, sendo que seis “fizeram provas e entraram no ensino oficial da música em várias academias”. Atualmente, contam com 27 inscrições.
“Os nossos alunos e professores são os maiores chavões do ensino online”
A pandemia veio dificultar a atividade da Melodiartes. A impossibilidade de realizar concertos de final de período e de ano é algo que a presidente caracteriza como “triste”. Também a suspensão da festa de aniversário da Melodiartes, que se realizava “anualmente no primeiro fim de semana de março”, e a inexistência de “intercâmbios entre coros e escolas de outros locais amainou a dinâmica do ensino na EMAM”.
E sobre esse aspeto, não tem dúvidas de que a situação atual afetou o ensino musical. Apesar de “as aulas online terem corrido muito bem”, Manuela Craveiro Faria não esconde que “o alcance em termos de aprendizagem e dedicação é outro no ensino presencial”.
“A pandemia teve e tem um impacto grande em todos e em tudo”, comenta, “e limita-nos a todos os níveis”. O ensino à distância deixa um impacto negativo, garante Manuela. Mas, nesse aspeto, ajudou “a vontade dos nossos alunos e professores”, desabafa, “que são sem dúvida os maiores chavões deste ensino”.
Alguns alunos optaram por não continuar na Escola enquanto a situação não melhorar, decisão “que respeitamos por completo”, afirma a presidente. Mas “uma coisa é certa: as aulas à distância são, neste momento, a única forma encontrada para mantermos e cultivarmos o gosto pela música”, para além de “termos a certeza que os professores fazem o melhor que conseguem”.
Ciclo de Música Sacra ‘abraçado’ pela Melodiartes há oito anos
O Ciclo de Música Sacra é anterior à própria Escola de Música e à Melodiartes, tendo sido criado há 16 anos. Antigamente, “era gerido, tal como a EMAM, pela junta de freguesia de então, presidida pelo Dr. Armindo Ribeiro, com a direção artística do Prof. Abel Carriço, que se mantém no cargo”, explica Manuela Craveiro Faria.
Com a criação da Associação Musical e Cultural, em 2013, “o projeto foi ‘abraçado’ por nós, continuando com esse gosto pela música sacra”. Assim, o VIII Ciclo de Música Sacra já foi organizado pela Melodiartes.
Desde essa data, já foram muitos os nomes que a Associação trouxe à freguesia. Entre eles, a presidente da associação destaca os grupos poveiros Quarteto Verazim, Capela Marta e o Coro Manuel Giesteira, entre muitos nomes nacionais e internacionais. “Todos os concertos, conferências e encontros de coros têm sido experiência muito enriquecedoras”, reconhece Manuela.
Lamenta o facto de que a pandemia obrigou à suspensão das edições de 2020 e 2021, mas espera que “no próximo ano já consigamos organizar o Ciclo de Música Sacra” e, assim, “realizar as nossas atividades e, se possível, melhorá-las”.
Metas a atingir
Em mais de 10 anos de funcionamento, a EMAM já passou por “três instalações provisórias”: a junta de freguesia, a antiga casa do Mosteiro e, mais recentemente, a antiga Escola da Praça. Agora, há uma “grande meta”, como descreve Manuela Craveiro Faria – a passagem para a “nossa nova casa”, que será construída em conjunto com o Museu de Arte Sacra, na antiga casa paroquial.
A presidente da Melodiartes refere ainda, como projeto futuro, “a integração da Escola de Música no ensino oficial ou no ensino articulado”. E, ao concluir, mostra o desejo de “entregar esse legado a uma nova direção que continue com garra e determinação a atividade da associação e cultive o gosto musical ratense”.
Fotos arquivo (antes da pandemia)