Metade dos concelhos portugueses não têm toda a oferta formativa no Secundário

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No Ensino Secundário, os alunos podem optar por quatro áreas de formação: Línguas e Humanidades, Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Artes Visuais. Porém, esta oferta só está disponível em 127 concelhos do país, o equivalente a 45,7% dos concelhos do continente português. Em 33 municípios não há, sequer, este nível de escolaridade obrigatória. Em oito, só há um curso e em 49 apenas duas opções. 

Esta desigualdade é mais visível no interior do país, onde os alunos que gostam de artes ou economia, se vêm vedados da oferta formativa. 

José Eduardo Lemos, Presidente do Conselho das Escolas e Diretor da Escola Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim, diz que, indiscutivelmente, esta é uma realidade que “pode afetar o sucesso e desmotivar os alunos para seguirem para o Ensino Superior. A única forma de apoiar é reforçar os transportes e criar residências”. A opinião é partilhada pelos diretores das escolas secundárias portuguesas. 

Em Portugal, há crianças com 14 ou 15 anos que vivem sozinhas para poderem frequentar os cursos de que gostam; há também famílias que mudam de área de residência pelo mesmo motivo. Porém, esta não é a realidade de todas as famílias portuguesas e muitos jovens vêm o seu percurso académico limitado no Secundário.

Um problema que não é novo, mas que “com a quebra da natalidade”, afirma o Presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Rui Martins, se tem vindo a intensificar e cuja tendência é agravar. 

Além do melhoramento da rede de transportes públicos Nacional, uma outra proposta surge como solução alternativa ou complementar para este problema. Vem de Manuel Pereira, Presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), que propõe, além do necessário reforço e melhoramento do serviço de transportes públicos, a criação de um sistema de famílias de acolhimento, que acompanhariam os alunos durante toda a semana. “Há escolas no interior com menos de vinte alunos no secundário. Podia criar-se uma sistema de famílias de acolhimento” permitindo aos estudantes frequentar escolas mais longe da sua área de residência sem prejuízo do acompanhamento familiar, afirma.

Por escrito, o Ministério da Educação, confirmou que “existem territórios com número cada vez mais reduzido de alunos dos cursos científico-humanísticos”, devido “à redução paulatina dos nascimentos, particularmente intensa no Interior”, acrescentando, ainda a procura pelas “vias profissionalizantes”, como outro fator responsável por esta realidade.