Ministério garante dragagem no porto da Póvoa ainda este mês. Apropoesca não acredita

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Foto: José Alberto Nogueira

O Ministério da Agricultura, que tutela a área das pescas, avançou na terça-feira à Antena 1 que as dragagens de desassoreamento no porto da Póvoa de Varzim vão ser iniciadas ainda durante este mês de abril. Confrontado com esta informação pelo MAIS/Semanário, Carlos Cruz, presidente da Apropesca, diz não acreditar nessa promessa e afirma que “não tenho conhecimento disso”.

O presidente da organização de produtores da pesca artesanal, que se queixou recentemente ao Jornal de Notícias da falta de dragagens e suas consequências, garante que “embora tenha mandado muitos emails a protestar esta situação, nunca recebi nenhum ofício nem nenhum parecer [da Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM)] a avisar disso”.

“Tenho andado a fazer essas reivindicações, tenho feito tudo e mais alguma coisa e é impressionante como a Apropoesca não sabe que vai haver dragagem”, criticou. Mesmo assim, diz que “não acredito” que vai haver o desassoreamento ainda este mês, porque “há um corte de quatro milhões nas dragagens”, indica. “Se há corte, não há dinheiro, não há dragagens”, declarou.

De acordo com Carlos Cruz, o plano plurianual de dragagens no triénio 2021/23 parou por falta de verbas disponíveis. No entanto, à Antena 1, o Ministério afirmou que o plano está em normal execução. O presidente da Apropesca diz novamente que “não acredito” e reitera que “até hoje não tenho nenhuma notícia a dizer que as dragagens vão ser feitas”.

Questionado sobre as consequências da não existência de dragagens, Carlos Cruz prevê que “o próximo inverno vai ser complicado. Até lá, vamos ter problemas na entrada na baía do porto de pesca. Os barcos já estão a fazer um enorme esforço, porque é muito estreito, a esganar”.

Isto deve-se, defende, ao paredão construído em 2021 pela autarquia. “Prejudicou os barcos. Há uns anos não tinha a proteção da muralha e requeria anos para fazer o que está a fazer agora. A dragagem foi feita há 8 meses e está da maneira que está”, diz.

Recorde-se que o Ministério da Agricultura disse à Antena 1 que estão a ser realizados os levantamentos e estudos topohidrogáficos no sentido de serem iniciadas as dragagens durante este mês, bem como que será executada uma dragagem de 60 mil metros cúbicos, que neste momento é o adequado para manter e garantir a segurança da navegação.