Organização explica tradição da subida ao pau ensebado este ano travada pela covid

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Um dos pontos altos das festas da Senhora da Conceição na Fortaleza da Póvoa é a subida ao pau ensebado. Manuel do Monte, organizador das festas, lamenta que este ano não fosse possível realizar devido à pandemia, mas explicou à Rádio São Pedro como tudo começou: “Eu tinha 6 anos e o pau era guardado na garagem dos meus avós, que ficava na atual zona do monumento ao São Pedro. Quando faltava uma semana para a festa, o meu falecido avô punha-me a mim e ao meu irmão a tratar do óleo queimado e do sebo. Na altura de levar o pau para cima, eram os pescadores que nos vinham ajudar com quatro ‘peias’ para levantar o pau e colocá-lo na cova. Naquele tempo eram os irmãos Galeiros que faziam a subida. Era uma festa quando chegavam lá em cima”.

Para o ano “será uma grande festa”

Há cinco anos seguidos, quem cumpre a subida ao pau é António Soares, conhecido por Toni Bombeiro. O próprio, disse na tarde desta terça-feira à Rádio São Pedro, como começou esta aventura.

“Há cerca de sete anos, eu era bombeiro e conheci o senhor Manuel do Monte, perguntando-lhe se era preciso fazer alguma inscrição para subir ao pau. Ele disse-me que todos os anos era sempre o mesmo a subir e que eu ia ter de esperar. Passou um ano, ligou comigo e perguntou-me se estava pronto. Eu disse que sim mas fui à festa pouco prevenido em termos das cordas, pelo que pedi para deixar para o ano seguinte. Assim ficou. No ano seguinte treinei durante um mês no ginásio, subi e gostei. A primeira vez acho que até foi a mais fácil, cada vez custa mais”, sorriu.

Toni recorda que nos primeiros anos subiu “sem segurança nenhuma”, mas depois teve um susto em que ficou pendurado e a filha do sr. Manuel do Monte avisou que era preciso mais segurança. “A partir daí já temos mais cuidado, e, se por acaso eu falhar ou escorregar, continuo a ficar seguro lá em cima”.

Em 2020 não foi possível realizar mas no próximo ano Tony espera já “poder fazer uma grande festa”, disse. “Podem contar comigo o máximo de anos, mas também já falei também com o meu rapaz para passar a tradição”.

Na foto, Manuel do Monte e António Soares